Aposentados contestam acordo

Fonte Zero Hora
27 Ago 2009

Confederação que reúne categoria discorda do reajuste definido entre governo e sindicalistas e quer recuperação de perdas

Aposentados não reconhecem o acordo fechado entre centrais sindicais e governo para o reajuste real dos benefícios de quem ganha acima de um salário mínimo. A promessa é de permanecer em pé de guerra.

AConfederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas (Cobap) não participou do encontrou de terça-feira à noite que definiu a fórmula para dar o aumento nos próximos dois anos em protesto pelo fato de o governo ter deixado de apresentar uma proposta na reunião do dia anterior. A entidade vai continuar a reivindicar o mesmo reajuste do mínimo, e não a inflação mais 50% do PIB. Essa fórmula resultará em reajuste de 6,5% em janeiro de 2010.

A pressão dos aposentados cairá sobre o Congresso e será cobrada a promessa que tanto a Cobap quanto o senador Paulo Paim (PT) dizem ter do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), de encaminhar para apreciação do plenário emenda que dá a todas as aposentadorias e pensões do INSS aumento equivalente ao do mínimo. O trunfo é a votação aberta e nominal. O presidente da Cobap, Warley Gonçalles, fez uma peregrinação ontem pela Câmara em busca do comprometimento de líderes partidários.

- Temos um bordão: sem votação, é sem reeleição - diz o diretor de Finanças da Cobap, Nelson Osório, que classifica o acordo como ilegítimo.

Na segunda-feira, a Cobap havia concordado em adiar o debate em torno do projeto que em cinco anos recuperaria as perdas passadas das aposentadorias. Agora, considera que não há mais acordo.

Relator do projeto de Paim que extingue o fator previdenciário, o deputado Pepe Vargas (PT) deve reunir no seu substitutivo que criava o cálculo 85/95 todas as mudanças definidas com as centrais, inclusive a do reajuste para 2010 e 2011 para os 8,2 milhões de aposentados que ganham acima do piso nacional. O governo quer pressa na redação do texto. Para Pepe, não há mais espaço para negociação.

- Não vejo possibilidade de voltarmos a discutir tudo de novo. O governo topou fazer um acordo com quem estava disposto a negociar. A política do tudo ou nada não leva a lugar algum - sentenciou Pepe.

A indefinição sobre o futuro das regras da aposentadoria levou o administrador de empresas Gastão Beckenkamp, 64 anos, de Porto Alegre, a aguardar por um entendimento entre governo, sindicalistas e aposentados para pedir sua aposentadoria.

A ideia é solicitar o benefício em maio do próximo ano, quando espera ter bem claras as condições em que serão determinados os valores dos benefícios. Com pelo menos 37 anos de tempo de contribuição, o administrador torce pelo fim do fator previdenciário e por mudanças que favoreçam os trabalhadores.

- Estou aguardando a melhor situação. Tem de ver aonde vai chegar - afirma Beckenkamp, que calcula ter o direito de receber pelo menos R$ 1,6 mil de aposentadoria, cerca de metade do que ganha hoje.

- É preciso estar atento a todas as mudanças nas regras - aconselha.