Artigo: Ameaças aos servidores (Vilson Antônio Romero)
Não aderindo à prática catastrofista, mas fazendo um alerta sobre
possíveis ameaças, o cenário pós-eleitoral se prenuncia amedrontador
para o conjunto dos servidores públicos brasileiros, em especial, os
vinculados ao Poder Executivo da União.
Sem querer parecer o profeta do apocalipse ou arauto do caos, o que
ocorrerá após a abertura das urnas, como tem acontecido nos inícios de
mandato da era pós-ditadura, será a busca da arrumação
econômico-financeira da casa chamada Brasil.
Os novos governantes, sejam pseudo-progressistas ou neoliberais ou
centro-esquerdistas, como preferirem, devem intentar manobras ou
apresentar novas regras de contenção do gasto público. Assim o fizeram
ou tentaram Collor, FHC e Lula, com maior ou menor profundidade.
As primeiras medidas sempre anunciadas disseram e, sem sombra de
dúvidas, dirão respeito às contas das aposentadorias do INSS e da folha
de pagamento dos servidores, além da eternamente anunciada reforma
tributária. Nestas sempre são anunciadas providências restritivas, com
cortes, congelamentos, supressão de direitos, etc.
As manchetes já dão uma sinalização clara do que virá. “Lula deixará
déficit recorde na previdência de servidor” (Folha de S.Paulo, 9 de maio
de 2010). “PMDB cobra de Dilma regra rígida para aposentadoria” (mesmo
jornal, em 17 de maio).
Alardes semelhantes envolvendo o “rombo do INSS” e o gasto com pessoal
da União têm sido e serão divulgados em outros jornais, com certeza, no
espaço de tempo entre a campanha, a eleição e a posse dos ungidos pelas
urnas.
Outra notícia: “Estudo critica estrutura do funcionalismo no Brasil
(Zero Hora, 21 de maio de 2010)”. A matéria tem como subtítulo:
“Levantamento aponta que custo dos servidores do país é superior à
média”.
O conjunto da obra, em especial a jornalística, não é sinal de tempos
calmos para os barnabés nacionais. Suas entidades de classe, sindicais e
associativas, devem se prevenir contra os ataques que serão deflagrados
na campanha eleitoral, com desiderato no novo governo.
Poucos lembrarão que o funcionalismo é a mola mestra do serviço público,
a ponta do atendimento do Estado provedor e assistente.
E que sem estes cidadãos, atrás de guichês e escrivaninhas, trabalhando
motivados, incentivados, valorizados, a qualidade do serviço prestado à
sociedade com certeza deixará mais a desejar. Os governantes devem ter
isto sempre em mente!!!
(*) jornalista, auditor fiscal da RFB, presidente do Sindifisco Nacional
em
Porto Alegre, diretor de Direitos Sociais e
Imprensa Livre da Associação Riograndense de Imprensa, da Fundação Anfip
de Estudos da Seguridade Social email: vilsonromero@yahoo.com.br