Brasil ocupa segunda colocação em ranking de sonegação fiscal

O Brasil está no topo dos países que apresentam alto índice de sonegação fiscal, ocupando a segunda colocação, atrás apenas da Rússia. A análise é do doutor em Economia e professor da UFRGS, Antonio David Cattani, que palestrou nesta terça-feira (15/9) na programação do dia Sem Computador da DS/POA. Com o tema “Riqueza e Meritocracia”, Cattani falou para dezenas de auditores fiscais filiados e comparou esta posição no ranking, com o da corrupção, no qual o Brasil está em 69º lugar. “Somadas todas as operações de maior volume financeiro de combate à sonegação fiscal – que incluem a Lava-Jato, a Zelotes e a HSBC-UBS –, os valores chegam a R$ 327 bilhões”, aponta Cattani.
Um dos maiores problemas no país continua sendo a concentração de renda nas mãos de poucas pessoas, sendo que aproximadamente 0,1% têm o controle de metade da riqueza substantiva. Segundo Cattani, um dos fatores que provoca este acúmulo de riquezas é que a cobrança de tributos prejudica a população economicamente ativa com menor pode aquisitivo. Para exemplificar este quadro, ele citou dados do Ipea que mostram tributação de 53,9% para população que recebe até dois salários mínimos, enquanto os que ganham mais de 30 salários são taxados com apenas 29%. “A falta de uma política eficiente de distribuição de renda penaliza os mais fracos e privilegia os mais fortes, sendo que grande parte destes enriquece de forma ilegítima”, argumenta o professor da UFRGS.
A penalização por sonegação fiscal no Brasil não costuma atingir a classe no topo da pirâmide social. Conforme Cattani, existem aproximadamente 10 mil brasileiros proprietários de mansões em Miami, nos Estados Unidos, e 400 gaúchos donos de apartamentos de alto padrão em Punta del Este, no Uruguai. “Estes brasileiros dificilmente pagam impostos em valores compatíveis com suas riquezas”, afirma Cattani.