JC: Governo estuda elevar isenção do IR

Fonte Jornal do Comércio
16 Mai 2017
Lighthouse

Neste ano, ficou livre de pagar Imposto de Renda quem recebeu até R$ 28.559,70 em 2016

O governo federal confirmou nesta segunda-feira que estuda aumentar a isenção do imposto de renda (IR). Em entrevista para rá- dios, o presidente Michel Temer afirmou que apreciaria “muitíssimo” ampliar a faixa de isentos, mas reconheceu que é algo complicado e que está em discussões iniciais.

“Foi apenas uma primeira conversa para ampliar a faixa-limite do imposto de renda. Se você aumenta a faixa de isenção, você está permitindo que muita gente possa economizar no pagamento do tributo para aplicar no varejo, ou onde seja”, disse o peemedebista. Ele comparou a possibilidade à decisão do governo, em dezembro, de liberar o saque de contas inativas do FGTS. Temer enfatizou que os saques, que já superaram R$ 17 bilhões na última sexta-feira, contribuíram para aquecer o mercado.

“Não há isso concretamente. Eu apreciaria muitíssimo. Se você me disser: ‘Seria bom?’ Seria bom, porque seria uma maneira de alcançar boa margem de trabalhadores, que serão beneficiados por isso de um lado, e por outro lado também a economia, mas é uma coisa complicada.”

O presidente não deu detalhes de quanto seria essa isenção no imposto ou com que prazos o governo trabalha. Mas, de acordo com reportagem publicada na edição desta segunda-feira do jornal “Valor Econômico”, a proposta que circula em um grupo restrito no governo, dobra a faixa de isenção do IRPF, dos atuais R$ 1.903,00 para R$ 4 mil.

Neste ano, esteve livre de pagar o imposto de renda quem recebeu até R$ 28.559,70 em 2016, ou R$ 2.379,97 por mês. Temer atribuiu a “mesas, cadeiras e paredes” do palácio a divulgação da conversa no Palácio do Planalto sobre uma eventual mudança na tributação.

Ainda segundo o jornal “Valor Econômico”, a proposta de aumento da isenção do imposto já teria sido discutida pelo presidente Temer com deputados e senadores, inclusive do PMDB, com quem manteve conversas reservadas nos últimos dias. A proposta é uma resposta à cobrança de aliados para que o governo faça novo aceno (além da liberação das contas inativas do FGTS) às classes mais populares para proporcionar um discurso aos que voltam às urnas em 2018.

A tabela do Imposto de Renda acumula defasagem de 83,12%, depois de anos sem que a tabela acompanhe os índices de inflação, de acordo com os cálculos do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco).

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), presidida no Rio Grande do Sul por Guiomar Vidor, não se entusiasmou com a notícia. O descrédito, diz Vidor, se deve ao fato de ser apenas uma sinalização que não veio acompanhada de nenhuma medida concreta, e também pelo histórico do caso.

Vidor ressalta que a defasagem da correção da tabela do Imposto de Renda alcança mais de 80% desde o ano 2000 e que o governo não costuma recompor atrasos nas correções que deixa para trás. “Não temos nenhuma esperança de que esse governo faça algo positivo pelo trabalhador”, disse.