Disputa na Câmara ameaça o pacote econômico de Lula
A disputa pela presidência da Câmara dos Deputados ameaça a aprovação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), porque está dividindo a base aliada do governo. Além disso, o presidente Lula terá de ser ágil para indicar um novo líder no parlamento, pois, se o deputado Arlindo Chinaglia, do PT, conquistar a liderança da Câmara, deixará o cargo. Se perder para Aldo Rebelo, do PC do B, ele ficará enfraquecido politicamente para comandar as negociações entre parlamentares e o Planalto visando à aprovação do pacote.Para não colocar em risco a implementação das medidas e, conseqüentemente, seus efeitos na economia, o governo Lula pode optar pela edição de medidas provisórias (MPs). Porém, não haverá como fugir das propostas de emenda constitucional (PECs) para questões como a prorrogação da CPMF e da Desvinculação de Receitas da União (DRU), que exigem aprovação de três quintos dos parlamentares e dois turnos de votação na Câmara e no Senado. Também será preciso contar com no mínimo 257 votos favoráveis para conseguir criar um fundo de pensão para servidores públicos, matéria a ser encaminhada por projeto de lei complementar. O Executivo ainda terá de ser habilidoso para impedir que os congressistas incluam os chamados ´penduricalhos´, que alteram o plano original.Outro provável entrave para a rápida tramitação do pacote econômico é a renovação do parlamento. Isso porque, no começo de mandato, os novos deputados costumam atuar de maneira individualizada, sem seguir a orientação dos líderes de bancada, o que atrapalha as tratativas. Segundo o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, na visão do governo as ações previstas no PAC irão reforçar a coalizão, ´porque têm sentido político e estruturante´. Para ele, é justamente a natureza das propostas contidas no pacote econômico que convencerá até os adversários. ´Se as medidas vão repercutir no país, acreditamos que poderão ser negociadas com a oposição´, argumentou.A avaliação é rechaçada pelo deputado Raul Jungmann, do PPS. ´O governo está promovendo uma fragmentação precoce da base, no caso da disputa pela presidência da Câmara, o que pode retardar a apreciação do pacote e se reproduzir no painel de votação´, frisou.