"Superterceirização" fragiliza fiscalização, afirmam críticos

16 Jan 2007
O modelo do contrato firmado pelo Metrô para as obras da linha 4, conhecido como "turn key", é alvo de questionamentos sob a alegação de que fragiliza a fiscalização do empreendimento pelo poder público.Essa contratação prevê a delegação à iniciativa privada de boa parte dos instrumentos de monitoramento da obra. Ao contratante interessa mais os resultados finais e a manutenção do preço fechado.Na linha 4, técnicos que participaram da licitação citam que os valores vencedores ficaram abaixo da expectativa -agravando a tendência de economia na construção.O presidente do Sindicato dos Metroviários, Flávio Godói, afirmou ontem que, quando a companhia conduzia as obras, chegava a 25 a quantidade de profissionais que acompanhavam a evolução dos trabalhos. Hoje, diz ele, são só quatro engenheiros do Metrô na função.O Metrô foi questionado, mas não respondeu. Em nota à imprensa, informou somente que "em qualquer tipo de contrato do Metrô existe fiscalização", negando fragilidade.Para Paulo Helene, professor da USP, essa "forma de contratação é errada e de maior risco". "Ninguém discute a competência de determinada construtora, mas não pode haver só uma cabeça pensando e decidindo.""O excesso de terceirização pode levar à perda de controle e à busca compulsiva pela maximização dos lucros", diz Álvaro Rodrigues dos Santos, ex-diretor de planejamento do IPT.A Secretaria dos Transportes Metropolitanos afirma que a contratação obedece a um padrão do Bird (Banco Mundial), financiador da obra da linha 4.O ex-presidente do Metrô Miguel Kozma no governo Covas (PSDB) diz que essa é uma "tendência mundial". "O Metrô nunca teve uma equipe grande para a fiscalização e também contratava empresas de gerenciamento para assessorar nesse trabalho", diz Kozma. (AI e RP)