Lula pede hoje a governadores apoio para reformas tributária e política
Presidente vai propor outra reunião sobre o assunto dia 6 de março; técnicos analisarão os temas em fevereiro Ana Paula ScinoccaJoão DomingosBRASÍLIA O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai aproveitar a presença dos governadores no Palácio do Planalto, hoje, durante a divulgação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), para falar da necessidade do apoio deles à aprovação das reformas tributária e política ainda este ano. O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, reuniu-se ontem à noite com Lula no Palácio do Planalto e disse, após o encontro, que durante o mês de fevereiro haverá reuniões entre técnicos do governo federal e dos governos estaduais para discutir as reformas. No dia 6 de março, Lula se reunirá com os governadores para analisar os dois temas.O encontro marcado para hoje deverá ser de apenas 40 minutos e, por isso, a questão das reformas não deve ser abordada. “Não sei se vai dar tempo de falar alguma coisa. Ninguém sabe ao certo qual será a metodologia do encontro, se haverá apenas uma exposição do presidente”, afirmou o governador de Sergipe, Marcelo Déda (PT). Para ele, o ideal é que haja espaço para que os governadores exponham suas idéias ao presidente. “Certamente estaremos de ouvidos e corações abertos para saber o que o presidente pretende”, prosseguiu. Na dúvida se terá ou não tempo hábil para mostrar sua visão sobre as reformas, Déda se preparou para o evento de hoje. No sábado, ele se reuniu em caráter especial para tratar do assunto com os principais colaboradores das áreas tributária e política. O governador de Roraima, Ottomar Pinto (PSDB), também não sabia se poderia expor ao presidente pontos que considera fundamentais na reforma tributária. Mas o discurso de reivindicação, garantiu, está pronto. Ottomar defende mudança na cobrança de tributos para o desenvolvimento dos Estados, sobretudo os da região Norte e Nordeste. “Temos de pensar o Brasil de uma forma em que os Estados do Norte e do Nordeste, os mais pobres, não continuem prejudicados. É preciso implantar políticas compensatórias”, defendeu. Ontem, alguns governadores não demonstraram preocupação apenas com o tempo do encontro. Alguns se queixaram da desorganização do Palácio do Planalto. Disseram que a formalização do convite aos Estados chegou apenas no meio da tarde de ontem. GUERRA FISCAL A discussão sobre a reforma tributária é polêmica e não une os Estados. Para a maioria dos governadores, o único ponto comum é o desejo de ter uma fatia maior no bolo dos recursos. Outro tópico é o fim da guerra fiscal que todos defendem, mas ninguém pratica. Levantamento feito pelo Estado na semana passada mostra que parte dos governadores quer ajustes na Lei Kandir, unificação das alíquotas do ICMS e repasses da União com o que ela arrecada por intermédio do recolhimento de contribuições - o que não acontece atualmente.