PT pede controle de capital externo

29 Jan 2007
Preparado para ser divulgado durante as comemorações dos 27 anos do PT, nos dias 9 e 10 de fevereiro, o documento ´Mensagem ao Partido´ estabelecerá polêmica entre o governo Lula e o partido. Organizado por dirigentes como o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, e o economista Paul Singer, secretário de Economia Solidária do governo, o texto prega mudanças radicais na política econômica, entre elas o controle da entrada do capital de curto prazo no Brasil. A medida integra lista de ações estratégicas para a ´revolução democrática´ no segundo mandato do presidente Lula. ´É fundamental controlar a entrada e a saída do capital de curto prazo, que é apenas especulativo e instável, ocasionando oscilações danosas ao câmbio, cuja valorização desde 2004 faz o Brasil exportar empregos, ao importar cada vez mais coisas que estamos produzindo aqui´, diz um dos trechos do documento. O PT atribui ao acordo de governabilidade, feito entre o Planalto e os partidos da base de sustentação, o engessamento do debate sobre os rumos da economia. Tarso, um dos autores do texto, foi quem pediu publicamente o fim da era Antonio Palocci, voltada ao superávit primário e à manutenção de políticas ortodoxas, consideradas de continuidade do governo Fernando Henrique. Na versão preliminar de cinco páginas, os petistas assinalam que a adoção de novo padrão de gestão monetária e cambial pelo Banco Central se tornou condição necessária para o crescimento sustentado da economia, com distribuição de renda, expansão do mercado interno de consumo popular, geração de empregos formais e aumento do salário mínimo. ´O acordo de governabilidade impediu a discussão aberta sobre os rumos da política econômica e obstruiu a contribuição do partido e das forças sociais, com ele identificadas, para ajudar o governo na construção das concepções econômicas e de gestão eficientes à promoção de novo modelo de desenvolvimento e de democracia´, destaca o texto.O PT sempre defendeu o controle de capitais. A proposta chegou a constar no programa de Lula durante a campanha presidencial de 1998. Porém, a adoção do mecanismo acabou refutada na era Palocci, sob o argumento de que afugentaria os investidores. Agora, setores do PT e do governo tentam aproveitar os novos ares do Programa de Aceleração do Crescimento para emplacar o dispositivo. Na avaliação do grupo rotulado de desenvolvimentista, Lula ganhou experiência para inscrever o segundo mandato como governo de esquerda democrática e pós-neoliberal.