Conflito pode estragar festa do PT

05 Fev 2007
Comemoração dos 27 anos do partido deverá ser marcada por guerra de documentos entre correntesDocumento elaborado pelo ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, poderá estragar a série de atividades políticas e culturais planejadas para comemorar os 27 anos do PT, que ocorrerá no próximo fim de semana em Salvador, Bahia. O texto, intitulado ´Mensagem ao partido´ e distribuído por e-mail a dirigentes de várias correntes, gerou grave conflito interno por criticar o excesso de poder da cúpula petista e a falta de controle e participação da base nas decisões partidárias. Segundo o material, esses seriam os motivos que provocaram os problemas éticos enfrentados pelo PT. O documento está assinado por mais de 30 dirigentes, como o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário Miguel Rossetto e o economista Paul Singer.Tarso propõe a ´refundação´ do partido e sustenta que o debate político e a democracia interna foram deixados de lado pelo grupo que domina o PT há 20 anos: o Campo Majoritário. Essa corrente é integrada pelos principais protagonistas da crise ética, como José Dirceu, Antônio Palocci, José Genoino e o presidente nacional do partido, Ricardo Berzoini. Para revidar as críticas de Tarso, o assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, acabou incumbido pelo Campo Majoritário de redigir defesa. A batalha dos documentos ocorrerá em reunião do diretório nacional do PT no próximo domingo. Antes do encontro, o partido festejará seu aniversário em jantar com o presidente Lula.O Campo Majoritário se reuniu, ontem, num hotel-fazenda em São Roque, interior de São Paulo. No encontro, deflagraram guerra à idéia de ´refundação´ sugerida por Tarso e condenaram as acusações de que a corrente é responsável pela crise ética. Garcia tentou minimizar a batalha dos documentos, dizendo que Tarso tem o direito de expor suas idéias e que a questão não será transformada em campeonato. Presente ao evento, José Dirceu trabalhou nos bastidores por sua anistia política. O secretário-geral do PT licenciado, deputado Raul Pont, é um dos signatários do documento. Ele integra a Democracia Socialista, corrente mais à esquerda do partido. Pont afirmou, ontem, que o texto procura criar unidade, retomar o projeto socialista do PT, além de analisar as crises de 2005 e 2006 e questões do governo. Ele irá sugerir a antecipação das eleições à presidência do PT de 2008 para este ano.