Nova conta visa evitar reforma "impopular"
Com a nova contabilidade para a Previdência Social, o governo pretende sustentar que não há um desequilíbrio explosivo no setor, ao contrário do que indica o déficit de R$ 42,065 bilhões apurado em 2006 pelo método tradicional -que simplesmente compara as receitas e as despesas totais.Na prática, a conta passou a ser usada como argumento contra uma reforma constitucional "impopular" destinada a reduzir direitos dos trabalhadores do setor privado, idéia rechaçada por Lula durante a campanha eleitoral.A Previdência Social não nega que a tendência do déficit, mesmo pelo novo cálculo, é de aumento contínuo a longo prazo, em razão do envelhecimento da população. Sustenta-se, porém, que, no setor urbano, os desequilíbrios imediatos entre receita e despesa podem ser minimizados com melhoras de gestão.Déficit em altaSe, de fato, produz números bem mais palatáveis, a nova metodologia aponta um déficit em crescimento ainda mais acelerado do que o apurado pelo critério tradicional.Mesmo com o programa de gestão alardeado pelo governo no ano passado, o déficit passou de 0,15% para 0,18% do PIB (Produto Interno Bruto).Nas projeções oficiais, o déficit do setor previdenciário, em qualquer contabilidade, só pára de crescer como proporção do PIB se o país atingir um crescimento econômico duradouro na casa dos 5% ao ano, desempenho obtido pela última vez na década de 70.(GUSTAVO PATU)