Primeiro emprego fica longe da meta

26 Fev 2007
De 4,6 milhões de postos gerados de 2003 a 2006, só 460 mil se referiam a pessoas sem prática em carteiraDe cada duas pessoas desempregadas no país, uma tem menos de 25 anosBrasília - O desemprego entre os jovens brasileiros continua sendo um desafio. Há pouca geração de vagas no país para o tamanho da demanda. Além disso os jovens profissionais carecem de qualificação, o que leva o mercado a se concentrar na contratação dos trabalhadores experientes. Segundo dados oficiais sistematizados pelo economista Márcio Pochmann, professor da Unicamp (SP), no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, só uma em cada dez vagas com carteira assinada abertas no Brasil foi ocupada por alguém que procurava se colocar no mercado pela primeira vez.O levantamento, feito com base nos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, aponta a geração de 4,6 milhões de postos entre 2003 e 2006. Apenas 460 mil foram referentes ao primeiro registro em carteira. O restante foi recolocação de desempregados no mercado. Outro dado preocupante: a faixa etária de até 24 anos foi beneficiada com apenas 15% das novas oportunidades que surgiram no período. ´De cada duas pessoas desempregadas no Brasil, uma tem menos de 25 anos´, afirma Pochmann. Não espanta, portanto, que se tenha contratado mais na Terceira Idade do que na juventude nos últimos quatro anos: o universo de trabalhadores com mais de 50 anos ocupou 17,6% das vagas abertas. A maior parte foi destinada aos trabalhadores que têm entre 25 e 49 anos, que ficaram com uma fatia de 67,4%.A política pública existente para a inserção do jovem no mercado de trabalho até agora mostrou-se pouco eficiente. Uma das principais apostas e promessa de campanha de Lula no mandato anterior - o Programa Primeiro Emprego - não teve êxito. Segundo dados do Ministério do Trabalho, foram contratados cerca de 15 mil jovens entre 16 e 24 anos, de uma meta inicial anual superior a 150 mil. Diante do desinteresse dos empresários em dar a primeira oportunidade de trabalho em troca de uma ajuda financeira, o governo congelou o programa em 2004 e decidiu transferir os recursos para os chamados Consórcios da Juventude, na tentativa de oferecer qualificação aos jovens desempregados de baixa renda em situação de risco. Nos últimos três anos, 90,2 mil jovens receberam algum tipo de treinamento.