Dia Internacional da Mulher: comemorar conquistas e cobrar igualdade
Foi numa conferência internacional de mulheres na Dinamarca, em 1910, que o 8 de março foi escolhido como Dia Internacional da Mulher. Nessa data, no ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova York entraram em greve, ocupando a fábrica, para reivindicar a redução de uma jornada de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Essas operárias, que recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde começara um incêndio, e 130 mulheres morreram queimadas. Desde então, o movimento a favor da emancipação da mulher tem conquistado vitórias, mas há muito ainda que se fazer para conquistar a igualdade de gênero. O grande marco na luta feminista, no Brasil, foi a instituição do voto feminino, em 24 de fevereiro de 1932. Temos hoje um cenário nacional e internacional positivo no que diz respeito à participação das mulheres na política, mas, infelizmente, muito aquém do que podemos desejar. Mundialmente, os números ainda refletem um cenário de marginalização, em que apenas 17% dos parlamentares e 13% dos chefes de Estado ou de governo são mulheres. No Brasil, apesar do aumento do número de mulheres que concorreram na última eleição, o volume ficou abaixo da cota mínima. A legislação exige que os partidos apresentem, pelo menos, 30% de candidatas do sexo feminino. No ano passado, a participação foi de 13,95%. Segundo a pesquisadora Almira Rodrigues, do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea), a política brasileira ainda é um território muito fechado e masculino, com leis que dificultam a entrada não só das mulheres, mas também dos negros, dos jovens e daquelas pessoas que têm menos recursos financeiros e econômicos. “E as mulheres têm menos recursos e menos tempo para se dedicar à política, por assumirem atividades domésticas”, acrescenta ela. Serviço público – No serviço público, pelos menos estamos livres das diferenças salariais entre homens e mulheres que exercem a mesma função, uma realidade do setor privado. Mas ainda há discriminação no acesso das mulheres aos cargos de chefia, e isso pode ser constatado até na própria SRF, onde quase metade dos auditores são do sexo feminino, mas os cargos de chefia são ocupados majoritariamente por homens. Para quem acha que a luta pela igualdade de gênero está superada, basta prestar atenção nestes dados da ONU: dois terços dos analfabetos do mundo são representados por mulheres, que também somam 60% das pessoas mais pobres do mundo e 70% das 130 milhões de crianças que estão fora da escola, além de 80% dos refugiados. Ou seja, superar a desigualdade entre homens e mulheres é lutar por mais justiça social em todo o mundo.