Edna SimãoDa equipe do CorreioA arrecadação de impostos e contribuições pelo governo federal bateu recorde para meses de março ao atingir R$ 33,601 bilhões, um crescimento real (descontada a inflação) de 11,78% em relação ao mesmo período de 2006. No acumulado, foram recolhidos R$ 102,768 bilhões — também o maior volume já registrado nos três primeiros meses do ano. O desempenho foi sustentado pelo elevado lucro das empresas no ano passado, arrecadação atípica vinculada a ganhos em bolsa de valores e à venda de imóveis por pessoas físicas, além de depósitos judiciais.O secretário-substituto da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto, explicou que, todos os anos, o primeiro trimestre registra uma arrecadação mais forte devido ao encerramento do prazo legal — janeiro a março — para pagamento do saldo de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), referente à Declaração de Ajuste do ano de 2006. “É reflexo do lucro das empresas em 2006, que foram maiores do que os de 2005. Não dá para dizer como será daqui para frente”, afirma Barreto.No trimestre, a arrecadação vinculada à declaração de ajuste totalizou R$ 5,405 bilhões, o que representa um aumento de 41,48% em relação ao mesmo período do ano passado (R$ 3,820 bilhões — em valores correntes). Somente no mês passado, o recolhimento foi de R$ 3,456 bilhões. O aquecimento da economia contribuiu, mas de forma menos significativa, para a alta da arrecadação. Isso pode ser notado no recolhimento de IPI-Automóveis, que teve uma elevação de 23,13%, por conta do aumento da venda de veículos no mercado interno.Já o recolhimento dos impostos das pessoas físicas subiu consideravelmente no primeiro trimestre, e especificamente em março, devido a ganho em operações de bolsa de valores. No mês passado, a Receita Federal recolheu R$ 106 milhões em tributos incidentes nesse tipo de transação ante R$ 53 milhões do mesmo período de 2006. No trimestre, esse montante salta para R$ 227 milhões. Nos três primeiros meses de 2006, a arrecadação foi de R$ 177 milhões. “Muitos investidores resolveram realizar lucro ou por algum temor recente ou notícias desfavoráveis”, especula o secretário.Outro destaque foram os depósitos judiciais que saltaram de R$ 1 milhão, em março de 2006, para R$ 79 milhões. Ontem também foi divulgada a arrecadação da Receita Previdenciária, que totalizou R$ 11,630 bilhões no mês passado — um aumento de real de 12,52%. Nos três primeiros meses do ano, o recolhimento atingiu R$ 34,229 bilhões, 10,95% maior que o registrado no mesmo período do ano passado.