Mantega diz a agências que País está disposto a fazer reformas
Ministro visitou ontem a Moody´s; hoje é a vez da Standard & Poor´sNalu FernandesO ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou, durante visita à agência de classificação de risco Moody´s, que estava mostrando a ´predisposição do governo com a continuação da implementação das reformas´. Para as agências, essa questão é fundamental para reduzir a dívida do Brasil. Hoje o ministro vai à Standard & Poor´s.Aos analistas da Moody´s, ele disse que sugeriu a formação de um grupo de estudo, por meio de seminários, para a ponderação de outras variáveis da economia do País para o cálculo do rating (nota), que refletiriam a diversidade da estrutura produtiva do Brasil. Membros do Tesouro poderiam elaborar os seminários, disse Mantega.O ministro classificou a visita como ´boa´, mas acredita que o Brasil ´já está tendo upgrade (elevação) da classificação por analistas e participantes dos mercados´, uma vez que a trajetória do risco País tem sido declinante.Na avaliação de Mantega, ´falta um pouco de criatividade para olhar outros fatores´. ´As agências estão presas a padrões mais antigos de avaliação do País.´ ´Eu perguntei a eles por que o Brasil é classificado como outros países mais frágeis´, informou o ministro.Ele observou que foram apresentados pela Moody´s dados relativos às dívidas externa e interna brasileiras. ´Em externa, está muito bom, mas, no lado fiscal, eles ponderam que caminhamos menos´, afirmou. Na relação dívida bruta/Produto Interno Bruto (PIB), Mantega informou que foi apresentado pela agência um número que bate em 65%. Para a relação dívida líquida/PIB, o numero é de 45%. ´Isso é um problema, ficam muito presos à questão fiscal´, reclamou.O ministro reconheceu que há um componente político nas visitas às agências, pois teve por objetivo mostrar ´que o governo tem disposição e o desejo de dar continuidade às reformas e de manter a responsabilidade fiscal´. Durante a palestra para investidores, o ministro reconheceu desafios à economia brasileira e enfatizou a necessidade de reformas para que o País cresça mais. Na platéia, estava a diretora para ratings soberanos da agência Standard & Poors, Lisa Schineller, que participará da reunião com o ministro hoje.REAL MAIS FRACOMantega disse também que a valorização do real deverá se abrandar à frente. Segundo ele, o aumento das importações e a compra de reservas pelo Banco Central (BC) devem colaborar para que seja reduzida a pressão sobre a moeda brasileira. Contudo, ele reiterou que ´o governo não está disposto a usar artificialismos´. ´Mas torço para que se valorize o menos possível´, completou.O ministro se recusou a estimar em quanto o câmbio deve se abrandar. ´Como ministro não faço projeções.´ Mantega descartou medidas de controle artificial do câmbio. Artificialismos, disse, ´têm resultado de curta duração e depois desmoronam´.Para Mantega, o câmbio está forte com uma economia forte. ´Não dá para ter câmbio fraco com economia forte.´ Ele reiterou que a trajetória do País em relação ao investment grade também adiciona pressão sobre o real.DESONERAÇÃOAs medidas de alívio tributário preparadas pelo governo para setores mais sensíveis à valorização do real não devem afetar o nível da arrecadação, segundo Mantega. O ministro reiterou que as medidas estudadas pelo governo devem favorecer, principalmente, exportadores que fazem uso intensivo de mão-de-obra, atuando como uma compensação pela perda de competitividade causada pela valorização do câmbio.A desoneração de impostos, disse, deve compensar a valorização da moeda ao reduzir custos para setores como têxtil e de calçados. ´Não dá para baixar contribuição para o INSS, por exemplo´, ressalvou. ´Vamos fazer redução da folha de pagamentos, mas não deve ter perda na arrecadação. A desoneração não levará ao desequilíbrio das contas públicas.´ O ministro afirmou que o ´País precisa fazer a reforma tributária, pois a estrutura tributária não é boa nem eficiente´, disse ele.