PT sugere a Lula criação de um "PAC dos cargos"

23 Abr 2007
Comissão de integrantes do partido vai procurar ministros para demonstrar insatisfação com partilha de vagas Brasília Dois dias de reunião do diretório nacional do PT, em Brasília, foram suficientes para escancarar a insatisfação do partido com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Contrariados com a falta de espaço no governo, petistas chegaram a sugerir, a portas fechadas, que o governo lançasse o "Plano de Aceleração de Cargos". Trata-se de uma referência irônica ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a grande aposta do presidente para o segundo mandato. Nesta semana, uma comissão do PT vai expor a insatisfação em relação à partilha de espaços aos ministros responsáveis pelo preenchimento de cargos. O secretário de Organização do PT, Romênio Pereira, reclamou do poder dado ao PMDB, que comanda cinco ministérios: - Se o governo é de coalizão, deveria haver uma coalizão interna, com todas as correntes petistas representadas. Não foi o PMDB que elegeu Lula. O deputado Geraldo Magela (DF) completa: - O PT defende que todas as forças internas estejam no governo. A indicação do filósofo Roberto Mangabeira Unger (PRB) para ministro-chefe da Secretaria de Ações de Longo Prazo serviu para engrossar ainda mais o coro das críticas ao comportamento de Lula. Em conversas reservadas, petistas diziam que o presidente alega ter cobertor curto para abrigar os companheiros, mas "quando quer, dá um jeito". No encontro, o diretório do PT também reafirmou "suas posições históricas" contra a reeleição presidencial. A declaração foi incluída em resolução, mas a decisão final sobre o assunto foi adiada para a próxima reunião do diretório. Embora nos tempos de oposição o PT tenha sido contrário à possibilidade de dois mandatos seguidos, agora petistas avaliam que o fim da reeleição só beneficia o PSDB, que tem dois potenciais candidatos à Presidência: os governadores José Serra (São Paulo) e Aécio Neves (Minas Gerais). Uma outra ala, porém, acredita que a medida facilitaria o retorno de Lula ao Palácio do Planalto em 2014. Romênio Pereira, secretário de Organização do PT: "Se o governo é de coalizão, deveria haver uma coalizão interna, com todas as correntes petistas representadas. Não foi o PMDB que elegeu Lula."