Super-Receita corre risco de "apagão" no atendimento

02 Mai 2007
Fernando Nakagawa A Receita Federal do Brasil – apelidada de Super-Receita – começa a funcionar hoje sob a ameaça de um "apagão" no atendimento ao contribuinte. É o que diz o presidente da União Nacional dos Auditores da Receita Federal (Unafisco), Carlos Soares Nogueira. Com a unificação da Receita Federal e da Receita Previdenciária, o governo quer reduzir custos e a burocracia, além de aumentar a eficiência na arrecadação. Os objetivos são nobres, reconhecem até mesmo os críticos da iniciativa. O problema, segundo Nogueira, é que o processo não foi planejado de forma correta, o que pode atrapalhar as operações internas do novo Fisco e, conseqüentemente, o contribuinte. Nogueira diz que a falta de conhecimento para tratar dos processos previdenciários e a precariedade das estruturas física e tecnológica podem ser focos de dor de cabeça. "É possível ter um apagão. Todos os processos da Receita Previdenciária vão entrar em uma fila junto com os da Receita Federal", declara Nogueira. "E os processos são muito diferentes. A tendência é que haja um grande nó." Nem mesmo o reforço de 10 mil servidores da Receita Previdenciária é capaz de tornar menos pessimista o cenário. Para Nogueira, tal contingente não será acolhido de forma tranqüila. "Não será simples. São duas instituições diferentes que vão gerar uma terceira. A cadeia de comando, a estrutura de organização, as normas internas, tudo é muito diferente." A disparidade entre culturas parece ser o único ponto em que servidores e o governo concordam. O coordenador da transição para a Super-Receita, Marcos Noronha, admite que a integração ainda não está em patamar ideal, mas que melhorou nos últimos meses. "É claro que essas resistências existiriam. Imagine trabalhar 20 anos no mesmo local, na mesma função", diz Noronha. "Uma mudança pode ser traumática. Mas trabalhamos para melhorar isso." Outro ponto que deve chamar a atenção nos próximos meses é a questão tecnológica. Com a criação de uma interface entre os sistemas de dados do Serpro (Receita) e DataPrev (Previdência) – que permite acesso aos dois bancos de dados pelo novo órgão – o próximo passo será a integração dos dados e sistemas. Noronha diz que é preciso reforço no orçamento. Quanto aos pontos de atendimento, a Receita Federal do Brasil terá 93 unidades até 10 de maio. kicker: Com a unificação da Receita Federal e da Receita Previdenciária, o governo quer reduzir custos e a burocracia