Economista faz ressalvas ao crescimento na previdência privada
O economista Paulo Mente, ex-presidente da Abrapp, a Associação Brasileira dos Fundos de Pensão, diz que nem tudo é motivo de comemoração no propalado processo de crescimento da previdência privada aberta. Na visão dele, ao festejar um crescimento de mais de 20% nos depósitos no ano de 2006, e ainda ressaltando a expressiva fatia de contas novas em nomes de menores, quando o crescimento econômico do País e da renda média da população ficou em patamares grotescos e muito inferiores, a previdência privada está, na verdade, ocultando o incremento da desigualdade, com o aumento da capacidade de poupança da população de maior renda. Para o economista, que atualmente trabalha como consultor, a poupança previdenciária privada é, e sempre será, uma prática reservada às pessoas de melhor renda. Nesse contexto, acrescenta Paulo Mente, não se pode esperar que venha a abrigar com igualdade a base da população brasileira, assistida pelo regime geral. Contudo, ele ressalta que a previdência privada deve ser prestigiada e festejada quando cresce na direção certa, visando a novas clientelas, que desonerem os gastos públicos: o que não podemos é brindar o crescimento da desigualdade, com o aumento da poupança de segmentos já contemplados, desmesurado em face da realidade econômica do País, adverte. Segundo ele, a continuidade desse quadro de desconforto poderá, em futuro próximo, exigir medidas de Governo, com vistas à redistribuição, pela via tributária.