Tensão na Super Receita

07 Mai 2007
Com adesão de 80%, servidores do BC param por tempo indeterminado Em vez de reduzir, a fusão entre a Receita Federal e a Previdenciária deve aumentar o número de cargos em comissão, segundo levantamento prévio dos sindicatos das categorias de servidores da chamada Super-Receita. “Até onde pudemos ver, não há racionalização administrativa nenhuma. Pelo contrário, a quantidade de funções gratificadas será maior do que a soma das duas secretarias extintas”, afirmou Carlos André Nogueira, presidente do Unafisco, o sindicato nacional dos auditores fiscais. A confusão em torno do assunto deriva da recusa do secretário Jorge Rachid em informar o número de cargos criados na nova estrutura. A Super-Receita nasceu anteontem com a exoneração de 4.990 ocupantes dos postos comissionados. Uma parte deles foi renomeada na Super-Receita. Segundo Rachid, a fusão traria diminuição do volume de postos porque onde houvesse duplicidade de funções nas estruturas antigas, uma delas seria extinta. Em Brasília, por exemplo, havia o delegado da Receita Federal e o da Previdenciária. O cargo foi unificado e entregue ao delegado da Receita Federal, João Paulo Martins. De acordo com Nogueira, entretanto, várias posições foram criadas com a unificação, como as chefias das 55 novas turmas de julgamento administrativo, coordenações e postos de delegado-adjunto. “Essa fusão ainda vai trazer muita confusão administrativa e por muito tempo, com prejuízo ao contribuinte”, diz. Paulo Antenor de Oliveira, presidente do sindicato dos analistas tributários (Sindireceita), estima que a Super-Receita terá mais do que 5 mil cargos em comissão. Segundo ele, o governo criou até uma Coordenação Especial de Operações Aéreas. “É cargo demais, um verdadeiro desperdício do dinheiro público. Que eu saiba, o objetivo era enxugar o número de chefias e colocar mais gente na operação direta”, lembra. Greves Os funcionários do Banco Central entraram em greve ontem por tempo indeterminado. Os servidores cobram do governo o pagamento imediato de um reajuste que vai de 20% a 40%. O governo quer começar a pagar a partir do ano que vem. A adesão chegou a 80% dos 4,8 mil trabalhadores da ativa, segundo informações reunidas pelo Sindicato Nacional dos Funcionários do BC (Sinal). Os petroleiros pararam ontem por 24 horas pedindo o cumprimento de um acordo feito com a empresa em 2003 que previa a criação de um plano de carreira. Os funcionários da PF cruzam os braços na próxima segunda-feira por 48 horas. Eles reivindicam a reestruturação da categoria — cobram que o governo envie o projeto para o Congresso Nacional. Colaborou Marina Flores