Mantega rejeita choque de tarifas
Governo descarta redução geral de imposto de importação e, com isso, evitar queda maior do dólarMercado comemora melhora na nota de classificação do paísBrasília - Não haverá redução generalizada de imposto de importação para estimular a entrada de mercadorias no Brasil e, com isso, evitar queda maior do dólar frente ao real, afirmou ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega. ´Prefiro não fazer nenhuma surpresa, nenhuma magia´, disse o ministro, ao comemorar a melhoria na classificação de risco do Brasil pela agência Standard & Poor´s. O dólar barato favorece as compras do exterior, mas tornam as vendas brasileiras menos lucrativas.A sugestão deste ´choque´ foi dada pelo ex-ministro Delfim Netto e pelo ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco. Para que o governo possa conter o processo, ambos defendem a redução a zero de todas as alíquotas de impostos de importação para inundar o mercado interno de produtos importados e, com isso, provocar uma alta na cotação do dólar. ´A supervalorização do real só pode ser eliminada por meio de uma ação radical´, justificou Delfim. Para ele, a questão é urgente, principalmente se considerada a perda de dinamismo das exportações. Na opinião de Franco, o excesso da oferta de dólar é o superávit comercial (da balança comercial). ´Não é a taxa de juro, é o comércio´, defende Franco, sócio da empresa de serviços financeiros Rio Bravo. ´É chover no molhado dar um choque de importações. Isso já está acontecendo. As importações já estão crescendo de forma extraordinária. Na prática, (a queda do dólar) funciona como se estivesse a cada dia reduzindo a tarifa de importação´, rebateu Mantega. Mesmo assim, ele confirmou que o governo lançará, sem data definida, um pacote de desonerações para ajudar as empresas a recuperarem competitividade. Mas já alertou que a estratégia pode ter um ´custo fiscal´. O ministro deu ainda a razão ao presidente Lula, que, ontem, afirmou que o recuo do dólar é bom para o trabalhador brasileiro. ´O presidente tem toda a razão em dizer que o custo para o cidadão brasileiro cai. Então, isso constitui um aumento real de salário´, disse Mantega.