Mantega rejeita choque de tarifas

17 Mai 2007
Governo descarta redução geral de imposto de importação e, com isso, evitar queda maior do dólarMercado comemora melhora na nota de classificação do paísBrasília - Não haverá redução generalizada de imposto de importação para estimular a entrada de mercadorias no Brasil e, com isso, evitar queda maior do dólar frente ao real, afirmou ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega. ´Prefiro não fazer nenhuma surpresa, nenhuma magia´, disse o ministro, ao comemorar a melhoria na classificação de risco do Brasil pela agência Standard & Poor´s. O dólar barato favorece as compras do exterior, mas tornam as vendas brasileiras menos lucrativas.A sugestão deste ´choque´ foi dada pelo ex-ministro Delfim Netto e pelo ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco. Para que o governo possa conter o processo, ambos defendem a redução a zero de todas as alíquotas de impostos de importação para inundar o mercado interno de produtos importados e, com isso, provocar uma alta na cotação do dólar. ´A supervalorização do real só pode ser eliminada por meio de uma ação radical´, justificou Delfim. Para ele, a questão é urgente, principalmente se considerada a perda de dinamismo das exportações. Na opinião de Franco, o excesso da oferta de dólar é o superávit comercial (da balança comercial). ´Não é a taxa de juro, é o comércio´, defende Franco, sócio da empresa de serviços financeiros Rio Bravo. ´É chover no molhado dar um choque de importações. Isso já está acontecendo. As importações já estão crescendo de forma extraordinária. Na prática, (a queda do dólar) funciona como se estivesse a cada dia reduzindo a tarifa de importação´, rebateu Mantega. Mesmo assim, ele confirmou que o governo lançará, sem data definida, um pacote de desonerações para ajudar as empresas a recuperarem competitividade. Mas já alertou que a estratégia pode ter um ´custo fiscal´. O ministro deu ainda a razão ao presidente Lula, que, ontem, afirmou que o recuo do dólar é bom para o trabalhador brasileiro. ´O presidente tem toda a razão em dizer que o custo para o cidadão brasileiro cai. Então, isso constitui um aumento real de salário´, disse Mantega.