Fisco arrecadou R$ 1,566 bi por dia entre janeiro e abril

21 Mai 2007
VALOR INCLUI A RECEITA OBTIDA PELA PREVIDÊNCIA; AUMENTO REAL NO ANO É DE 10,36% Receita em quatro meses somou R$ 187,924 bilhões, puxada pelo Imposto de Renda das pessoas físicas e sobre ganhos de capital Entre janeiro e abril deste ano o governo federal arrecadou R$ 187,924 bilhões em tributos. O valor representa crescimento real (já descontada a inflação) de 10,36% em relação ao mesmo período de 2006.Estão incluídos nesse resultado os R$ 45,712 bilhões arrecadados pela Previdência no período. Com a criação da Super-Receita, um único órgão responde pela cobrança de contribuições previdenciárias e tributos federais. Arrecadação diária no ano: R$ 1,566 bilhão.Só em abril foram recolhidos R$ 51,051 bilhões, o que representa aumento real de 10,38% em relação ao mesmo mês de 2006. Tanto a arrecadação de abril como a do quadrimestre foram recordes para os respectivos períodos.Normalmente, a arrecadação de abril é puxada pelo pagamento do Imposto de Renda das pessoas físicas, pois nesse mês vence o pagamento da primeira parcela (ou cota única) para os contribuintes que ainda têm imposto a pagar após a entrega da declaração. No mês passado, a receita total do IR somou R$ 15,114 bilhões -crescimento real de 13,6% quando comparada a abril de 2006.Para Carlos Alberto Barreto, secretário-adjunto da Receita, o avanço da economia é o principal fator que explica a maior arrecadação. "Estamos vendo uma resposta mais acentuada de alguns setores, que estão mostrando mais dinamismo."A maior arrecadação do IPI, por exemplo, seria um indicador da recuperação da indústria. Entre março e abril, o recolhimento desse imposto cresceu 10,4% -já descontada a variação do IPCA do período.Além disso, Barreto diz que a fiscalização mais intensa tem ajudado a elevar a arrecadação. O secretário cita como exemplo o aumento no recolhimento do IR sobre ganhos de capital referentes à venda de imóveis. Entre janeiro e abril, esse recolhimento chegou a R$ 867 milhões -R$ 408 milhões nos primeiros quatro meses de 2006.Essa alta de 112,5%, segundo Barreto, é conseqüência do maior controle da Receita, que passou a cruzar dados fornecidos por cartórios e corretoras de imóveis com declarações do IR para identificar contribuintes que sonegam o tributo.Carga tributáriaApesar do aumento na arrecadação observado neste começo de ano, Barreto afirma que ainda não é possível dizer que esse ritmo será mantido nos próximos meses. Ele espera crescimento real de cerca de 5% no recolhimento de tributos ao longo de 2007 -em 2006 a expansão foi de 4%.Maior receita, porém, não é suficiente para que o governo reduza a carga tributária, segundo Dênis Blum, analista da Tendências Consultoria. Para Blum, o governo não pode abrir mão dessa arrecadação pois precisa financiar seus gastos, que têm crescido muito."Se fosse só a arrecadação crescendo, seria um cenário favorável [para reduzir a carga]. Mas o gasto do governo ainda é muito alto." Ele diz que, nos últimos 12 meses, as receitas do Tesouro, INSS e Banco Central cresceram 12%, enquanto as despesas aumentaram 14%."Estamos vendo uma resposta mais acentuada de alguns setores, que estão mostrando mais dinamismo"CARLOS ALBERTO BARRETOsecretário-adjunto da Receita Federal