Jefferson faz duras acusações a Lula

04 Jun 2007
O presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, afirmou sábado que a reforma política sairá do papel somente porque o presidente Lula conseguiu concluir o processo de cooptação de todas as forças políticas do país. ´Quem mais se beneficiou com a infidelidade partidária foi o PT. Hoje, não há mais partidos de oposição, apenas indivíduos dispostos a avaliar o governo de forma crítica´, destacou Jefferson, em Capão da Canoa, onde participou do seminário estadual do PTB. Afirmou ainda que Lula criou grande rede de terror policial, levando a público, de forma ilegal e irresponsável, informações privadas para obter benefícios próprios. ´Nos três poderes, todos os integrantes do primeiro escalão estão grampeados. Lula tem informações para pressionar qualquer pessoa que não atenda às suas vontades. O Brasil vive num Estado policial´, criticou.Acrescentou que o presidente também tem interesse em aprovar com urgência a reforma política para garantir mandato de cinco anos ao seu sucessor e o fim da reeleição. ´Lula sonha em eleger um presidente pelo PMDB na próxima disputa, que governará o país por cinco anos, para voltar ao comando em 2015´, projetou. Comparou a tática adotada por Lula ao projeto de consolidação do Partido Revolucionário Institucional, que garantiu supremacia absoluta e dominou a política mexicana entre 1929 e 2000. Considerou ainda que o item fundamental da reforma deve ser a fidelidade partidária para evitar a repetição do cenário ocorrido durante a gestão de Lula quando, segundo ele, acabaram aliciados até mesmo integrantes do PSDB e do Dem. ´Mais da metade do Dem vota com o Palácio do Planalto, com algumas exceções nas bancadas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina´, destacou. O ex-deputado afirmou, porém, ser contrário à aprovação do voto em listas preordenadas, proposta que também integra a reforma. ´Essa medida tira os rostos do processo eleitoral. Política precisa ter cara, identidade. Votar em partidos é coisa de país comunista e impede o surgimento de lideranças´, avaliou.Cassado depois de se tornar o pivô do escândalo do mensalão, a mais grave crise enfrentada pelo governo Lula, o presidente do PTB disse ainda que o fato de o seu partido ocupar o coração político do Planalto e da Esplanada dos Ministérios não o impedirá de continuar sendo um dos mais duros críticos de Lula. ´Todos os homens próximos do presidente caíram, inclusive ministros, e Lula insiste em dizer que não sabia de nada. Não podemos continuar com essa mentira´, destacou Jefferson. Durante o seminário, filiados do PTB também discutiram estratégias para as eleições de 2008.