A aposentadoria por um fio
O direito de se aposentar depois de uma vida de muito trabalho está por um fio. Como a rotatividade dos trabalhadores é enorme, chegando a 42% entre os que exercem funções no mercado formal e 85% entre os terceirizados, os brasileiros não estão conseguindo atingir o tempo de contribuição exigido pela Previdência Social - de 35 anos para homens e de 30 anos para mulheres - para obter a aposentadoria integral. O alerta foi feito ontem pelo doutor em Ciência Econômica pela Universidade de Campinas (Unicamp), Márcio Pochmann.“A cada ano, 10 milhões de pessoas com carteira assinada são demitidas. Por falta de recursos, deixam de contribuir e acabam perdendo o direito ao benefício. Prova disso é que, há algum tempo, a idade média para se aposentar era de 40 e poucos anos. Atualmente, são 50 e poucos anos e olhe lá”, critica. Segundo ele, os terceirizados, que em Minas Gerais devem formar um contingente de pouco mais de 200 mil trabalhadores, ainda sofrem com a ausência de sindicatos e outras formas de proteção.De acordo com Pochmann, ainda que os salários não sejam uma «maravilha», são 50% melhores que os rendimentos dos trabalhadores do mercado informal. “O brasileiro não tem o hábito de computar 13º, férias, fundo de garantia e participação nos lucros”, atenta, lembrando que dos 84 milhões de trabalhadores do país, apenas 33 milhões têm a carteira carimbada.Os jovens são os que mais sofrem com o desemprego e também são os primeiros a sofrer quando a empresa provoca um corte em seu quadro de pessoal. A cada duas pessoas sem emprego no país, uma tem menos de 25 anos.