"Duvido que Vavá tenha feito lobby", diz Lula

13 Jun 2007
Em Guarulhos, presidente afirmou que irmão indiciado está "mais para ingênuo do que para lobista" O presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou ontem pela primeira vez sobre os desdobramentos da Operação Xeque-Mate desde que foram reveladas as conversas telefônicas entre seu irmão Genival, o Vavá, e empresários supostamente ligados à máfia dos caça-níqueis. As declarações de Lula foram dadas durante a abertura do 7º Congresso Nacional dos Metalúrgicos da CUT, em Guarulhos (SP). O presidente admitiu ter se encontrado com o irmão há "mais ou menos" 15 dias (portanto, poucos dias antes da operação da Polícia Federal), disse duvidar que Vavá tenha feito algum lobby e chamou-o de ingênuo, mas também acrescentou que, como seu irmão, ele deveria ter mais responsabilidade. Veja o que mais disse o presidente:Lobby "Não acredito que o Vavá seja lobista. Ele está mais para ingênuo do que para lobista. (...) Se o Vavá foi a algum ministério e entregou papel, eu só posso dizer para vocês que duvido que ele tenha conseguido fazer algum lobby. Eu duvido. Eu conheço ele há 61 anos, eu vou dizer pra vocês que duvido que o Vavá tenha feito lobby no governo. (...) Duvido que tenha alguma coisa do Vavá nesses quatro anos e meio que tenha sido atendida." Ética "Sempre disse a eles (parentes) o seguinte: toda vez que alguém procurar ou se aproximar de vocês e pedir alguma coisa, se for empresário, esse cara só pode ser um picareta. Porque, se ele quiser um negócio, ele liga diretamente para o ministro, não precisa ficar procurando um irmão ou primo. (...) Não existe favor a irmão, amigo ou adversário. Só pelo fato de ser meu irmão, o Vavá deveria ter tido mais responsabilidade." Lambari "A Polícia Federal pede a quebra do sigilo telefônico de uma pessoa e se prepara para encontrar um cardume de pintados. O Vavá, nessa história, me parece mais um lambari que foi pego. Qual a vantagem? Ele é um lambari especial, é irmão do presidente da República." Encontro "Fui ao Vavá há mais ou menos 15 dias e o achei abatido, envelhecido. Na próxima vez em que vier a São Paulo, vou visitá-lo outra vez. Tenho um carinho especial. Ele é um paizão da família, cuida de todo mundo." Vazamento do inquérito "Ao delegado cabe investigar e encaminhar isso para o Ministério Público indiciar os suspeitos. Não cabe a ele ficar passando informações para a imprensa. O que tenho observado é que as informações vão pingando na imprensa e as pessoas são execradas sem o direito de se defender. Dependendo, se houver briga política, as pessoas vão pingando para um jornal uma coisa, para outro outra coisa, e as pessoas, sem poder se defender, vão sendo execradas. Como sou republicano, acho que nós precisamos fazer a apuração correta. Estou vivendo uma momento de reflexão do que está acontecendo. Temos processo de escuta telefônica que deveria ser sigiloso e todo dia há uma nova informação que não sabemos se é verdadeira, que é truncada." Conversa entre Vavá e Frei Chico "Primeiro, quero dizer que não tenho controle sobre o Frei Chico. Ele é dois anos mais velho que eu. Ele é que deveria ter controle sobre mim. (...) E acho que o Frei Chico conversou com o Vává. E quero mais é que conversem. Eles são irmãos, têm mais é que conversar antes, durante e depois."