Ao buscar o restabelecimento de bandeiras históricas, partido pressiona Lula a mudar rumos da gestão Taline Oppitz Partido do presidente Lula, o PT está discutindo em todo o país teses que serão apresentadas no 3º Congresso Nacional, única instância capaz de alterar o estatuto e a linha programática petistas. Total de 12 documentos elaborados pelas diversas correntes internas serão analisados durante o encontro, em agosto, que acabará tendo reflexos nas linhas adotadas pelo governo Lula até o final do seu segundo mandato. No Estado, quatro teses têm maior representação: ´Mensagem ao partido´, liderada pela tendência interna Democracia Socialista (DS); ´A esperança é vermelha´, da Articulação de Esquerda; ´Por todos os sonhos! Por todas as lutas!´, do Movimento PT; e ´Construindo um novo Brasil´, do Campo Majoritário. Os textos serão debatidos neste fim de semana nas dez zonais da Capital. Apesar de terem sido elaborados por correntes distintas, muitos pontos em comum aparecem nos documentos, como a cobrança de mudanças nos rumos adotados pelo PT desde a chegada de Lula ao poder, em 2003, e o resgate do socialismo como caminho para o reencontro com a verdadeira essência do partido. Entre as defesas estão ainda a necessidade de recuperar elementos da formação original do PT, como a ligação com trabalhadores e movimentos sociais; a retomada dos valores do socialismo democrático; e o reforço no poder de decisão dos militantes petistas. A necessidade de alterações na economia, como a redução das altas taxas de juros e do superávit primário; e a realização das reformas estruturais, priorizando a política, com a defesa de fidelidade partidária, financiamento público de campanhas e voto em lista fechada, também constam nos documentos. As correntes reconhecem avanços no primeiro mandato de Lula, mas cobram o cumprimento de bandeiras históricas do partido, como maior participação da população em decisões, por meio da criação do Orçamento Participativo nacional, promessa de Lula na campanha de 2002. Maior cautela nas alianças firmadas pelo Palácio do Planalto para garantir a governabilidade e a interação e o diálogo permanente com a América Latina, onde há a predominância de países administrados por partidos de esquerda, também são pontos defendidos nessas quatro teses com maior força no Estado. No congresso, em São Paulo, o debate estará focado em três pontos: ´Socialismo petista´, ´Brasil que queremos´ e ´PT: concepção e funcionamento´. O 1º encontro ocorreu em 1991, em São Bernardo do Campo. Na pauta, o socialismo e a situação internacional após o fim da União Soviética. O 2º foi em Belo Horizonte, em 1999, quando houve a flexibilização da política econômica.