Uma operação realizada por Ministério Público, Brigada Militar, Polícia Civil e Polícia Rodoviária Federal desarticulou ontem um esquema envolvendo prefeitos e empresários que fraudava licitações de concursos públicos em 34 municípios gaúchos. A Operação Gabarito cumpriu 24 mandados de busca e apreensão em 13 cidades, especialmente da Serra e da região Noroeste. Segundo o MP, há provas de envolvimento de pelo menos sete prefeitos, dois vice-prefeitos e 18 empresários. O MP ingressará com ações judiciais para tentar suspender os concursos sob suspeita. Durante as buscas, foram localizados provas, gabaritos, anotações e listas de candidatos. As prefeituras suspeitas são de Herveiras, Campestre da Serra, Novo Tiradentes, Pinhal da Serra, Rio dos Índios, Vanini e Paim Filho. Em duas delas, os vices também podem estar envolvidos. O esquema se dividia em duas partes. Na primeira, as empresas eram convidadas a participar da concorrência e, por meio de um acordo de valores entre elas, era escolhida a vencedora, que realizaria as provas. As cotações variavam entre R$ 15 mil e R$ 20 mil. Em seguida, os empresários, já com o resultado prévio do concurso, eram orientados a direcionar os vencedores, geralmente indicados políticos, amigos e parentes dos prefeitos. Segundo o promotor de Justiça Mauro Rockenbach, que comandou a operação, além de ingressar com pedido liminar de suspensão dos efeitos dos concursos e proibição das empresas de contratar com o poder público, o MP oferecerá denúncia com base nas provas colhidas ontem. Nos próximos dias, prefeitos, empresários e servidores serão ouvidos. Caso seja comprovada a participação do candidato no esquema, ele poderá perder o cargo e ter que devolver dinheiro.