Cai a idade média de aposentadoria por tempo de contribuição

29 Jun 2007
Uma pesquisa do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão ligado ao governo federal, mostra que a idade média de aposentadoria por tempo de contribuição está diminuindo, mesmo com o uso do fator previdenciário para calcular o benefício. O fator é usado pelo INSS para calcular o benefício de acordo com a expectativa de vida da população. Em tese, as pessoas ficariam por mais tempo trabalhando para aumentar a aposentadoria. Porém, a idade média para conseguir o benefício por tempo de contribuição caiu, entre os homens, de 57,3 anos, em 2000, para 56,7 anos, em 2004. Entre as mulheres, recuou de 52,5 para 52,1, nos mesmos períodos. Para o consultor previdenciário Newton Conde, os trabalhadores vêem a aposentadoria cada vez menos como um benefício para deixarem o mercado. "A aposentadoria virou uma complementação da renda. Não é preciso nem se desligar do emprego para pedir o benefício", diz. "Geralmente, dificuldades financeiras fazem o trabalhador antecipar a aposentadoria." Outro fator apontado por Conde é o desemprego. "Quem está nessa situação tem a aposentadoria com uma garantia de renda para se sustentar", afirma. O terceiro motivo, segundo o consultor, é o medo das reformas trabalhista e previdenciária. "Toda vez que se discute o tema há um grande número de pessoas que antecipam a aposentadoria, mesmo ganhando menos, com medo de perder o benefício", garante Conde. A redução na idade média da aposentadoria também vai contra uma pesquisa do próprio IPEA, que aponta o fator previdenciário como responsável pelo aumento de 180% no número de concessões de auxílio-doença entre os anos de 2000 e 2005. No período, os benefícios saltaram de 434.301 para 1.225.043.Pesquisadora do IPEA, Mônica Mora afirma que a alta foi provocada por uma maior participação de pessoas mais velhas no mercado de trabalho. "Como as pessoas mais velhas são mais suscetíveis a doenças, o número de pedidos aumenta", diz. O argumento é questionado por especialistas, que apontam a pressão do mercado de trabalho como uma das principais causas do aumento, especialmente nos auxílios-doença relacionados à saúde mental do trabalhador. Uma das causas dos pedidos é a depressão.