Lula pede mais juízo a Mantega
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recomendou ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, mais juízo e afirmou que em alguns momentos não é possível dizer o que se pensa. Lula afirmou ainda que o posto de ministro da Fazenda exige um comportamento diferente daquele que Mantega teve ocupando outros cargos no governo.- É menos discurso e mais prática. Em determinados casos, a gente não diz o que pensa, a gente faz quando pode e, se não pode, deixa como está hoje - alertou o presidente sem, no entanto, dar detalhes sobre o que se referia.Mantega é um ministro conhecido tradicionalmente por dar muitas declarações e anunciar medidas que ainda não foram tomadas:- Eu não vou interpretar a fala do presidente. Tem de perguntar para ele. Eu não tenho o que dizer. Depois do comentário, em tom de brincadeira, segundo algumas interpretações, o presidente disse que a reforma tributária vai sair. Lula afirmou que vê agora um avanço importante e um clima na sociedade de que é possível "se não fazer a perfeita, a mais adequada para o momento em que estamos vivendo". O presidente observou, no entanto, temer que as discussões em torno da reforma tributária fiquem simplesmente no "é preciso que desonere isso, aquilo, e baixar os impostos...". - O meu medo é que a conta não feche - disse Lula, acrescentando que a economia do país é como o balanço de uma empresa.- Se o Abílio Diniz não vender mais do que ele comprou ele estará desgramado - afirmou, referindo-se ao empresário do setor de supermercados. Lula disse que é preciso demarcar as prioridades na reforma tributária. O presidente lembrou que há três anos vem tentando reduzir o preço do gás de cozinha, mas encontra dificuldades porque cada Estado cobra um imposto diferente. O governo pretende enviar entre agosto e o início de setembro a proposta de reforma tributária para o Congresso. As declarações de Lula foram feitas na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. No encontro, o grupo de trabalho referente a esse tema apresentou uma série de propostas (confira abaixo).Ainda em seu discurso, Lula defendeu a atual política econômica e disse que não tomará nenhuma medida apressada, nem no câmbio. A reforma que nunca vem Algumas propostas do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social para a reforma tributária: > Limite para o crescimento da carga tributária do país. Poderia ser de 26%, próximo à média dos países em desenvolvimento. Sempre que esse limite for ultrapassado, o governo deveria reduzir alíquotas para compensar > Redução progressiva da CPMF de modo que se torne apenas uma alíquota simbólica para o controle fiscal > O conselho sugere um dispositivo constitucional que trata da tributação sobre grandes fortunas e heranças, de modo que isso seja feito sem desestimular a poupança e o desenvolvimento > Desoneração da folha de pagamento > Redução de impostos para itens da cesta básica e remédios essenciais > Menor imposto de importação para materiais específicos usados por portadores de deficiência física > Criação de mais faixas de alíquotas para o Imposto de Renda Pessoa Física