PT-RS condena práticas do ex-Campo Majoritário

24 Jul 2007
Congresso do partido no RS aprovou resolução sobre a crise ética e política que atingiu o PT em 2005, condenando "a prática de instrumentalização e aparelhamento para o crescimento de grupos partidários, especialmente o ex-Campo Majoritário". Resolução defende apuração das responsabilidades relativas à crise. Marco Aurélio Weissheimer - Carta MaiorPORTO ALEGRE - O Congresso Estadual do PT do Rio Grande do Sul aprovou, sábado, uma resolução sobre a crise ética e política que atingiu o partido em 2005. Aprovada por ampla maioria, a resolução afirma que “a prática de instrumentalização e o aparelhamento para o crescimento e fortalecimento de grupos partidários, especialmente o então Campo Majoritário, é a principal responsável pela grave crise vivida por nosso partido e governo”.Os delegados que aprovaram a resolução também defenderam a vigência da resolução sobre a crise ética de 2005, aprovada no 13° Encontro Nacional do PT, que “condena as práticas inaceitáveis de financiamento de campanha e de promiscuidade na relação inter-partidária que causaram enormes danos à imagem, ao patrimônio ético, ao ideário socialista e democrático do partido” e defende a apuração das responsabilidades relativas à crise vivida pelo partido em 2005.A estratégia adotada pela antiga direção do PT, acrescenta a resolução, submeteram o partido “a uma lógica eleitoral de diluição programática e afastamento de sua base social”. “Esta estratégia diminuiu a potência orgânica do partido e trouxe à tona necessidades estranhas a nossa história, como a constituição de alianças programáticas, a produção de campanhas milionárias e o estabelecimento de acordos nefastos”, diz ainda o texto.Os representantes do ex-Campo Majoritário (Unidade na Luta) também saíram derrotados na eleição dos delegados para o congresso nacional do partido, que será realizado de 31 de agosto a 2 de setembro. Somadas, as chapas de oposição à atual direção nacional fizeram 73% dos votos, elegendo a maioria dos delegados. A Mensagem ao Partido (apoiada por nomes como Olívio Dutra, Tarso Genro, Miguel Rossetto, Raul Pont e Flávio Koutzii) fez 44% dos votos (25 delegados). A chapa apoiada por Articulação de Esquerda e Movimento PT fez 20% (12 delegados) e o grupo ligado ao deputado estadual Fabiano Pereira somou 6% dos votos (4 delegados). Já a chapa da Unidade na Luta fez 27% dos votos, elegendo 17 delegados.O presidente do PT-RS, Olívio Dutra, destacou o vigor político e o compromisso do encontro realizado no auditório Dante Barone, na Assembléia Legislativa, com o desafio de manter o partido no campo de esquerda e das lutas sociais e garantir que o presidente Lula, em seu segundo mandato, possa impulsionar o desenvolvimento do Brasil com distribuição de renda, justiça social e democracia. Ex-vice governador do Estado e ex-ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto destacou a importância da resolução aprovada sobre a crise política como condição para atualizar a identidade programática do PT e evitar que os problemas que engendraram a crise se repitam. Rio Grande do Sul e Roraima foram os primeiros Estados a realizar os congressos preparatórios ao congresso nacional do partido. A íntegra da resoluçãoA íntegra da resolução sobre a crise política, aprovada no congresso do PT gaúcho, é a seguinte:“A crise do PT de 2205/2006 tem origem na predominância dentro do PT, imposto por uma maioria nacional, de uma estratégia de centro-esquerda que gradativamente submeteu o PT a uma lógica eleitoral, de diluição programática e afastamento de sua base social. Esta estratégia diminui a potência orgânica do Partido e trouxe a tona necessidades estranhas a nossa história. Como a constituição de alianças anti-programáticas, a produção de campanhas milionárias e o estabelecimento de acordos nefastos. O III Congresso do PT considera que a prática de instrumentalização e o aparelhamento para o crescimento e fortalecimento de grupos partidários, especialmente o então Ex-Campo Majoritário, é a principal responsável pela grave crise política vivida por nosso partido e governo bem como, afirmar que o episódio do dossiê e os precedentes não constituem um problema estritamente ético” mas, que são a manifestação mais aparente das conseqüências nefastas de uma concepção política equivocada, que abandona objetivos estratégicos em nome de objetivos imediatos, que confunde política de alianças com a promiscuidade com setores da burguesia.O III Congresso reafirma a vigência da resolução sobre a CRISE ÉTICA DE 2005, aprovada no 13o Encontro Nacional do PT, que: Condena as práticas inaceitáveis de financiamento de campanha e de promiscuidade na relação inter-partidária, que causaram enormes danos à imagem, ao patrimônio ético, ao ideário socialista e democrático do Partido, colocando temporariamente na defensiva o campo democrático e popular e dando pretextos para tentativas de desestabilização de nosso governo;Considera que essas práticas políticas inaceitáveis devam ser debatidas de maneira crítica e autocrítica pelo conjunto do Partido. Entre estas práticas, encontram-se: a) a centralização de decisões por alguns dirigentes, sem autorização de nossas instâncias; b) a subestimação do papel da luta social no processo de democratização do Estado e do governo; c) a ilusão sobre a possibilidade de políticos conservadores abdicarem de seus próprios projetos e práticas, em função dos nossos”.Nesse sentido, o III Congresso reafirma a necessidade de que o Diretório Nacional que regulamente os prazos e procedimentos para realizar o processo de apuração das responsabilidades relativas à crise vivida pelo PT no ano de 2005”. Assinam a resolução as chapas “A Esperança é Vermelha”, “Mensagem ao Partido” e “Por Todas as Lutas e Por Todos os Sonhos”.