Carga tributária assusta a indústria
Setor considera o problema como um dos piores a enfrentar, conforme pesquisa apresentada pela CNI Brasília - A elevada carga tributária continua na liderança entre os maiores problemas enfrentados pela indústria brasileira, revela a pesquisa Sondagem Industrial, divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). ´É medalha de ouro´, brincou o gerente da Unidade de Pesquisa da CNI, Renato da Fonseca. A carga tributária foi apontada como um dos três maiores problemas do setor por 75,4% das empresas de pequeno porte, 69,2% das médias e 67,8% das grandes. Na segunda colocação, há resultados diferentes. Para as grandes indústrias, o câmbio foi apontado como um dos três maiores problemas por 47,7% das empresas. Para as pequenas e médias, o segundo maior problema é a concorrência acirrada, o que inclui os importados. A concorrência foi apontada como um dos três maiores problemas por 49,1% das médias empresas e 43,6% das pequenas. O juro alto ficou na terceira posição do ranking entre as pequenas e na quarta posição entre as médias e grandes. O desempenho das exportações é o destaque negativo nos resultados da pesquisa. Setores voltados para o mercado externo que empregam grande quantidade de pessoas, como os de couro, madeira e calçados, estão entre os mais pessimistas. O resultado também foi negativo na avaliação feita pelos industriais quanto às perspectivas para os próximos seis meses. Segundo Fonseca, alguns setores conseguem compensar o efeito do dólar barato com a elevação dos preços no mercado internacional. Porém, isso não é possível para os setores intensivos de mão-de-obra, que têm os países asiáticos como os principais concorrentes. ´Esse (o câmbio) é um assunto que precisa ser acompanhado e estudado´, alertou. A retomada da atividade econômica atinge um número maior de setores, segundo a pesquisa. Os pesquisadores perguntaram a 1.714 empresas se seu nível de atividade havia crescido, diminuído ou ficado estável ao longo do segundo trimestre do ano. A resposta foi crescimento em 21 do total de 27 setores consultados. Em comparação, o crescimento em igual período de 2006 só era registrado em oito setores. ´Os resultados apontam para a consolidação do crescimento da indústria´, comentou Fonseca. O processo vem sendo puxado pela expansão do consumo no mercado interno, enquanto o externo continua sendo um problema. O aumento da demanda interna levou à melhoria de outro indicador: o emprego. Além de mais espalhado, o aquecimento da atividade econômica chegou às micro e pequenas empresas, até então o segmento que menos reagia à melhora do cenário econômico interno. No primeiro trimestre do ano, a maioria apontava redução na atividade. A situação, no entanto, começou se inverter no segundo trimestre.