Meta fiscal cumprida antecipadamente
Impulsionado pelo forte crescimento da arrecadação de impostos, o governo cumpriu a meta fiscal prevista para agosto com dois meses de antecedência. Segundo os números divulgados ontem, o superávit primário (economia para pagar parte dos juros da dívida pública) acumulado no primeiro semestre foi de R$ 43,78 bilhões, alguns milhões acima do objetivo fixado para os primeiros oito meses do ano. O resultado, equivalente a 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB), representa um crescimento de 13,4% em relação aos R$ 38,59 bilhões de igual período de 2006.“O país está numa situação fiscal muito positiva. A arrecadação não está crescendo por aumento de alíquotas, mas pela expansão da economia e da massa salarial. Os investimentos estão crescendo mais do que as despesas de custeio, o que é muito positivo. Além disso, a velocidade de aumento das despesas é bem menor do que no ano passado”, argumentou ontem o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin. Segundo ele, o cenário para o equilíbrio das contas públicas é “bastante favorável” no médio e longo prazos.O superávit de junho foi de R$ 5,29 bilhões. O Tesouro Nacional contribuiu com um saldo positivo de R$ 8,75 bilhões, que serviu para contrabalançar os déficits de R$ 3,38 bilhões da Previdência Social e de R$ 68,5 milhões do Banco Central. Com o resultado do mês, ficaram faltando apenas R$ 9,22 bilhões para que o governo consiga atingir a meta prevista para o ano, que é de R$ 53 bilhões. As gorduras obtidas até agora serão queimadas no segundo semestre, época em que tradicionalmente as receitas caem e as despesas sobem.ArrecadaçãoDe janeiro a junho, as receitas do governo foram de R$ 295,53 bilhões, um valor R$ 34,34 bilhões superior ao nível de idêntico período de 2006. Segundo Augustin, a arrecadação está crescendo 3% acima do PIB, num ritmo menor que os 3,6% de 2006. As despesas totais chegaram a R$ 199,40 bilhões, numa expansão de R$ 22,53 bilhões. Nesse aumento, as maiores contribuições foram dos gastos com a folha de pagamento do funcionalismo, que subiram R$ 6,2 bilhões em função da reestruturação de carreiras e contratações.Há dois anos, a equipe econômica estudava o corte efetivo de despesas, num plano de ajuste fiscal de longo prazo enterrado por setores do governo. Agora, já se contenta com uma expansão mais contida. No primeiro semestre, as despesas totais cresceram 2,7% acima do PIB, num ritmo menor do que o de igual período de 2006 (6,2%).A execução dos investimentos continua lenta. Até agora, o governo gastou apenas R$ 7,34 bilhões, o equivalente a 23,5% da dotação orçamentária total de R$ 31,30 bilhões. O Projeto Piloto de Investimentos (PPI), cujas obras são desconsideradas no momento de calcular o superávit primário, consumiu só R$ 1,2 bilhão, o que corresponde a 10,6% dos R$ 11,3 bilhões previstos para o ano. (RA)