Grevistas federais são 4,8 mil no RS
Dos cerca de 100 mil servidores paralisados, 5% são gaúchos ADRIANO BARCELOS E MARINA LOPES Dos cerca de 100 mil servidores federais em greve hoje no país, pelo menos 4,8 mil estão no Rio Grande do Sul. Os prejuízos econômicos para o Estado são evidentes na paralisação dos fiscais federais agropecuários. Em uma semana de protesto, R$ 216,5 milhões em cargas vegetais e animais ficaram paradas à espera de verificação.Em junho, os fiscais haviam paralisado as atividades por 10 dias. O governo federal pediu uma trégua de três semanas para apresentar uma proposta. Como nenhuma proposição foi feita, os fiscais retomaram a greve no dia 24 de julho. Segundo José Luiz Castilhos, presidente da Associação dos Fiscais Federais Agropecuários do Rio Grande do Sul (Afama-RS), o governo não cumpriu um acordo assinado em 2005. Enquanto isso, as cargas à espera de fiscais acumulam-se nos portos.Só no Porto Seco Ferroviário de Uruguaiana, são 5 mil toneladas paradas em mais de 150 vagões. O gerente do Porto Seco, Miguel Evangelista, acredita que esta seja a greve de fiscais agropecuários federais com maior quantidade de carga parada.Além dos fiscais, estão em greve servidores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e de quatro universidades - as federais do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, de Pelotas, de Rio Grande e de Santa Maria. Os 30 funcionários do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Estado estiveram em greve por 65 dias, mas, a exemplo dos fiscais, deram uma trégua ao governo. Eles garantiram a volta ao trabalho por 10 dias, a contar de sexta-feira passada. No Incra, as negociações estão tensas. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) acatou na semana passada a decisão da direção do Incra de cortar o ponto dos servidores. Os funcionários de 28 das 30 superintendências regionais do órgão estão em greve desde 21 de maio. No Rio Grande do Sul, os cerca de 80 grevistas estão amparados por uma liminar que garante o pagamento dos salários, conforme Sebastião Henrique dos Santos Lima, ligado ao comando nacional de greve. - Temos a expectativa de que o governo apresente uma proposta mais específica, o que talvez venha a ocorrer na segunda-feira - diz Lima.Nas universidades federais gaúchas, as aulas não sofreram interrupções. Mas a paralisação dos funcionários atrapalha os alunos que precisam utilizar laboratórios e bibliotecas. Atividades burocráticas como a regularização de matrículas e o registro dos conceitos obtidos pelos estudantes nas disciplinas também foram prejudicados - sem considerar os hospitais universitários. (adriano.barcelos@zerohora.com.br) (marina.lopes@zerohora.com.br ) O placar das greves Ministério da Agricultura QUEM ESTÁ EM GREVE: fiscais federais agropecuários O QUE FAZ: fiscaliza principalmente, questões sanitárias no trânsito de produtos agropecuários nas aduanas - pontos de entrada e saída de mercadorias no país SERVIDORES PARALISADOS: todos os 300 fiscais do Rio Grande do Sul estão engajados na greve, afirma a Associação dos Fiscais Federais Agropecuários do Rio Grande do Sul (Afama-RS). Nas aduanas, eles fiscalizam apenas 30% das cargas. O QUE REIVINDICAM: reajuste salarial por volta de 45%. Ministério da Cultura QUEM ESTÁ EM GREVE: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) O Iphan voltou ao trabalho na sexta-feira, suspendendo temporariamente a greve por 10 dias. Como o governo não apresentou proposta até agora, a trégua pode acabar na próxima semana. O QUE FAZ: administra museus e atua na preservação do patrimônio cultural. SERVIDORES PARALISADOS: 30 O QUE REIVINDICAM: plano de carreira e outros compromissos assumidos pelo governo federal em 2005 Ministério da Educação QUEM ESTÁ EM GREVE: técnicos de quatro universidades federais gaúchas. UFSM, UFRGS, UFPel e Furg. Professores não paralisaram suas atividades, garantindo as aulas. O QUE FAZ: técnicos são responsáveis pelo funcionamento das atividades de suporte à educação, como laboratórios e bibliotecas. SERVIDORES PARALISADOS: Furg: 70% dos 300 servidores UFSM: 70% dos 2 mil servidores UFRGS: 70% dos 2,5 mil servidores UFPEL: 80% dos 1,3 mil servidores O QUE REIVINDICAM: entre várias reivindicações, os grevistas querem que o governo desista de transformar os hospitais universitários em Fundações Estatais de Direito Privado. Ministério do Desenvolvimento Agrário QUEM ESTÁ EM GREVE: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) O QUE FAZ: atua nas questões relativas à reforma agrária, regulação fundiária e desapropriações de terras. SERVIDORES PARALISADOS: cerca de 80 servidores. O QUE REIVINDICAM: reajuste do vencimento básico, paridade salarial com outras categorias do serviço público e contratação de pessoal. O governo tenta cortar o ponto dos servidores. No caso dos gaúchos, o grupo obteve uma liminar que garante os salários.