As bossas de Katia B

15 Ago 2007
Cantora carioca faz show hoje no Theatro São Pedro LUÍS BISSIGO Dizer que a cantora Katia B mescla eletrônica e MPB é fazer uma síntese estreita demais para o som da carioca. É o que ela pretende demonstrar ao vivo hoje, no Theatro São Pedro, às 21h, quando faz o lançamento de seu terceiro álbum, Espacial. Show e disco têm participação do gaúcho Vitor Ramil.Katia B se define bem como uma artista a longo prazo. Freqüentadora do Circo Voador - principal cenário da efervescência do rock carioca da década de 1980 - , atuou em teatro e dança antes de entrar para o time de loiras do espetáculo Básico Instinto, de Fausto Fawcett (do hit Kátia Flávia), em 1993. A carreira solo começou a se estabelecer em 2000, quando ela estreou em CD. O segundo trabalho, Só Deixo meu Coração na Mão de quem Pode, veio em 2003, pouco antes do nascimento de Vicente, filho da cantora com o marido paralama João Barone.Espacial (MCD, 12 faixas, R$ 28 em média), lançado em junho, desenvolve e aprofunda os elementos que Katia explorou nos dois primeiros discos. Estão lá os timbres eletrônicos e a influência da bossa nova, mas há também sons vindos de outros espaços, como o Oriente Médio (nas curvas melodias de Dança do Ventre da Guerra) e o interior do Brasil (na doçura de Canto de Alegria). Ou mesmo do pampa, presente nas duas composições do amigo Vitor Ramil - a bossa psicodélica Viajei e a introspectiva Destiny (Be my Friend), com versos em inglês e português.- Sou muito fã do trabalho do Vitor. Quando ele está no Rio, vem sempre aqui em casa - diz Katia, em entrevista por telefone.À parte toda a modernidade dos timbres eletrônicos, a cantora de 42 anos também abre espaço para dar leitura própria a canções como Cais (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos) e O Amor em Paz (Tom Jobim e Vinicius de Moraes).- Sou brasileira, neta de russos, estudei em escola judaica quando pequena. Tenho essa mistura em mim - explica. - Faço música brasileira, com essa cabeça de usar o equipamento como ferramenta para criar texturas, sonoridades. Se tiver que classificar, até gosto da eletrônica.Além do convidado Vitor, Katia B canta, toca violão e divide a cena com Marcos Cunha e Plínio Profeta (samplers, violas, violões, baixo e cavaquinho), Gustavo Corsi (guitarra e violão) e Jam da Silva (percussão). O roteiro passa pelos dois álbuns anteriores, mas a ênfase são o repertório e a sonoridade de Espacial.- Tudo no disco é tocado. O que faço com a eletrônica é a transformação dos sons. Um pandeiro pode virar uma harmonia, um violão do Vitor às vezes se transforma em elemento de percussão. O show é para explicitar essa relação entre o tocado e o eletrônico.A cantora deve voltar a Porto Alegre para cantar novamente com Vitor Ramil, como convidada no show do compositor na abertura do Porto Alegre Em Cena, marcado para 10 de setembro, no mesmo Theatro São Pedro da performance de hoje. Serviço O QUE: show de Katia B. Patrocínio: Petrobras QUANDO: hoje, às 21h ONDE: no Theatro São Pedro (Pça. Mal. Deodoro, s/nº, fone 3227-5100) QUANTO: entre R$ 10 e R$ 25, à venda no local