Pochmann vê estado raquítico

16 Ago 2007
O economista Marcio Pochmann, que assumiu ontem a presidência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em Brasília, disse que o Estado brasileiro é raquítico Diário do ComércioO economista Marcio Pochmann, que assumiu ontem a presidência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em Brasília, disse que o Estado brasileiro é raquítico. "Para desencadear o projeto de desenvolvimento, precisamos ter corpo técnico", afirmou o ex-secretário de Desenvolvimento da Prefeitura paulistana. Segundo Pochmann, os Estados Unidos empregam 18% da população economicamente ativa (PEA), e na Europa o índice é de 25%. No Brasil, o Estado emprega cerca de 8% da população economicamente ativa. "É preciso modernizar o Estado e ampliar o federalismo", disse ele, que foi empossado pelo ministro-chefe da Secretaria de Planejamento de Longo Prazo da Presidência da República, Roberto Mangabeira Unger.Mais tarde, Pochmann evitou dizer diretamente que seria a favor de aumentar o quadro do funcionalismo público. "Não se trata necessariamente de contratações. Precisamos ter gente preparada", disse. Ele acrescentou que a forma como o Estado daria conta de suas atribuições precisa ser debatida. "Como fazer isso é uma nova discussão", afirmou. Mesmo assim, Pochmann enumerou argumentos em favor do aumento do tamanho do Estado brasileiro. Disse que 2,5 milhões de funcionários públicos deixaram o Estado nos últimos 20 anos. "As estatais demitiram 500 mil pessoas quando foram privatizadas", acrescentou. Pochmann disse que a educação e a saúde brasileiras não são de boa qualidade. "É um país em construção. Precisamos rever o papel do Estado. Não temos escolas nem professores. O que a gente tem hoje não nos permite dar um salto de qualidade", disse.Sobre as turbulências internacionais, o novo presidente do Ipea disse que o Brasil está em situação privilegiada. "Não temos a vulnerabilidade que tínhamos no passado recente. Se a crise se agravar, não só o Brasil vai sofrer consequências. Para o momento, o País não está desguarnecido", concluiu Pochmann. Essa visão otimista não é compartilhada pelo representante do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI), Paulo Nogueira Batista Júnior. Ele disse que a crise pode afetar a economia real, prejudicando as taxas de crescimento da produção e do Produto Interno Bruto. "A minha tendência é ficar preocupado", disse. Trabalho - De manhã, no lançamento da Campanha pela Efetivação do Direito do Trabalho, da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho, Pochmann disse que o Brasil vive um período de substituição da inclusão por meio do trabalho pela inclusão via assistência social. "Acredito que a inclusão social sustentável é aquela que se dá por intermédio do trabalho. A garantia dos direitos do trabalho é condição necessária para que um país cresça com o poder de distribuir os frutos do seu desenvolvimento", disse.O novo presidente do Ipea afirmou que há vários sinais de flexibilização do mercado de trabalho. Um deles é a rotatividade dos trabalhadores. Ele lembrou que atualmente mais de 10 milhões de empregados com carteira assinada são demitidos todos os anos,no Brasil. (Agências)