AQUECIMENTO ABRE CORRIDA AO ÁRCTICO

20 Ago 2007
 

AQUECIMENTO ABRE CORRIDA AO ÁRCTICO

ARMANDO RAFAEL PRENTICE DANNER-AP (imagem) Começou a corrida ao Árctico. Em parte porque a Rússia está a tentar provar que o Pólo Norte faz parte de uma cadeia montanhosa (Dorsal de Lomonosov) que é o prolongamento geológico da sua plataforma continental, tendo assinalado essa reivindicação, colocando há dias a sua bandeira no fundo do oceano, a mais de 4300 quilómetros de profundidade. A partir desse momento, EUA, Canadá, Dinamarca e Noruega desdobraram-se em iniciativas mais ou menos mediáticas com um único objectivo: deixar claro que a Rússia não é a única potência com interesses territoriais na região do Árctico, onde é suposto existirem um quarto das reservas mundiais de petróleo e gás, além de urânio, diamantes e outros minérios. É isso que motiva estes cinco países, tendo em conta que o direito internacional prevê que eles possam reivindicar a sua soberania sobre algumas extensões territoriais do Árctico. Com base numa convenção da ONU que regula os limites das plataformas continentais e que estabelece um prazo de dez anos a contar da sua ratificação para que os interessados apresentem as suas pretensões. O que, no caso da Rússia, significa que Moscovo tem até 2009 para se pronunciar. Já o prazo-limite do Canadá vai até 2013 e o da Dinamarca aponta para 2014. Praticamente ignorado ao longo da História, com excepção do período da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a ex-URSS, o Árctico ganhou uma nova projecção nos últimos anos por força do aquecimento global. De acordo com os mais recentes estudos científico, a temperatura média na região está a crescer ao dobro da velocidade registada no resto do mundo, explicando, por exemplo, o descongelamento dos glaciares ou as razões por que a área de mar coberta por gelo tem vindo a diminuir no Verão entre 15% e 20% relativamente ao que sucedia ainda há 30 anos. O que, em termos práticos, significa que a temperatura média no Árctico poderá vir a subir entre quatro e sete graus Celsius nas próximas décadas. Uma perspectiva muito superior ao aumento previsto para o resto do planeta, se nada for feito para conter os efeitos de estufa provocados pelas emissões de dióxido de carbono (CO2): dois a três graus. Abrindo, assim, novas perceptivas à exploração do Árctico. Tanto no mar como no subsolo. Ao ponto de alguns responsáveis russos e canadianos já terem começado a referir-se a esta corrida como as Descobertas do século XXI, numa alusão aos Descobrimentos dos séculos XV e XVI. Mas para além do acesso às reservas de gás e de petróleo que ali existem, países como o Canadá, EUA e Rússia parecem também interessados em abrir novas rotas ao tráfego marítimo e até ao turismo.|