Palocci comandará a CPMF

24 Ago 2007
Ex-ministro da Fazenda é escolhido como relator da proposta de prorrogação do imposto dos cheques em comissão especial. Decisão saiu depois de manobra para excluir José Eduardo Cardozo da disputa Ugo Braga Da equipe do Correio Numa reviravolta surpreendente, o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci acabou escolhido ontem relator da comissão especial que vai discutir a proposta de prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Ele vinha se negando a assumir o cargo e outro petista — José Eduardo Cardozo (SP) — já estava praticamente nomeado para a vaga. Uma manobra creditada aos adversários de Cardozo no próprio PT, porém, abortou o processo e obrigou o ministro de Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, a entrar na parada, negociar com os aliados e convencer Palocci a reaver a posição. A comissão foi criada à tarde. Enquanto os integrantes votavam para eleger o presidente, o único candidato, Pedro Novais (PMDB-MA), recebia um telefonema do líder do governo José Múcio Monteiro (PTB-PE). Novais falou alto ao telefone. Todo mundo que estava na sala, às risadas, acompanhou a negociação. “Alô, oi Zé Múcio”, bradou. O líder, então, avisou que havia um problema na escolha do relator e pediu que a reunião fosse terminada — àquela altura, Cardozo passava pelo constrangimento de disputar o cargo com Sandro Mabel (PR-GO). Múcio, que estava com o líder do PT, Luiz Sérgio (RJ), na sala quando ligou para Novais, saiu às pressas da Câmara, rumo ao gabinete de Mares Guia, no Palácio do Planalto. Foi junto com o petista. Lá, encontrou-se com os líderes do PR, Luciano de Castro (RR), do PP, Mário Negromonte (BA), e o vice-líder do PMDB, Colbert Martins (BA). De forma dissimulada, para não configurar o veto a Cardozo, o grupo disse a Walfrido que os outros partidos aliados pleiteavam o cargo de relator. Como havia consenso em torno de Palocci, o ministro ligou para o petista, que assume o cargo hoje.