Bienal revê a pintura de paisagem
Artista chileno é destaque no Cais Bienais se fazem com obras em alta tecnologia e com diferentes níveis de provocação - mas não só com isso.A sala do artista chileno Pablo Chiuminatto, no armazém A4 do Cais do Porto de Porto Alegre, retoma uma questão muito antiga e muito cara às artes visuais: a pintura de paisagem.A sala é uma das nove que compõem a exposição Conversas, uma das seis que, por sua vez, formam a 6ª Bienal do Mercosul, inaugurada oficialmente no último sábado. A sala já figura entre as mais interessantes da mostra, com um claro convite à demora e à contemplação.Conversas é a exposição em que um artista, escolhido pelos curadores, aponta dois artistas que teriam a ver com o seu trabalho - por influência, afinidade ou mesmo contraponto. A partir dessa seleção, os curadores apresentam um quatro nome, fechando o ciclo.Pablo Chiuminatto, de 42 anos, artista de paleta quase monocromática, com paisagens muito sutis, foi escolhido pelos curadores Gabriel Pérez-Barreiro (curador-geral da Bienal, espanhol radicado nos Estados Unidos) e Alejandro Cesarco (artista e curador uruguaio). Na hora de ele próprio fazer sua seleção, Chiuminatto lembrou de Adolfo Couve, personagem importante e bastante singular da pintura e da literatura no Chile, e de sua própria biblioteca. Ele justifica:- Eu queria falar da herança da pintura européia no continente americano, uma herança que se fez principalmente pelo contato com reproduções e não com as pinturas em si. No Chile, por exemplo, você não tem grandes exposições. Durante toda a ditadura, não houve museus. Minha formação como pintor foi feita toda a partir de reproduções.Daí, a escolha. Chiuminatto trouxe consigo desde Santiago do Chile os mais bem-amados livros de arte de sua biblioteca, com reproduções de pinturas de grandes mestres que o influenciaram: o alemão Caspar David Friedrich, o inglês William Turner, o francês Claude Monet, o italiano Giorgio Morandi.A outra escolha de Chiuminatto foi Adolfo Couve (1940 - 1998), pintor e romancista que sempre andou pela contramão, sem lugar entre os artistas mais conservadores e nem entre os mais experimentais.A esse grupo, os curadores acrescentaram uma paisagem de Katie van Scherpenberg, artista paulista de 67 anos que vive na Amazônia. Chiuminatto aprovou a escolha:- É uma grande artista - diz.