No menu, poemas de bandeja
"Bala Baleiro" foi uma das atrações da primeira edição do Porto PoesiaUm garçom oferece poesias numa bandeja. Os poemas estão dentro de cartuchos de balas de revólver usadas. As pessoas se servem das palavras, lêem, enrolam e as colocam de novo no mesmo lugar, para que outros possam ler também. Assim funcionou a instalação Bala Baleiro, de Celso SantAnna, uma das atividades da primeira edição do festival Porto Poesia, que movimentou o Centro Cultural CEEE Erico Verissimo de quinta a sábado.A professora Lise Lopez, 52 anos, fez pose ao lado do boneco que segura a bandeja e pediu para que a estudante Mirian Batista, 18, tirasse uma foto.- Achei a idéia fantástica. Em cada cartucho, uma surpresa. Olha este aqui: "Dedução/ A bala perdida/ Pensa que tem/ direção/ Só porque/ Encontrou/ Um coração" - disse a professora que adora ler e ouvir poesia. As duas logo descobriram mais em comum do que o gosto pela palavra escrita. Mirian se prepara para o vestibular de Letras, enquanto Lise dá aulas de português e literatura.- Eu vim principalmente para ouvir declamações de Fernando Pessoa - conta a moça que se programava para assistir a Rodrigo Westeuser recitando o poeta no Caffè Di Trento.No café do Centro Cultural, onde os criadores apresentavam seus versos, nem sempre as intervenções eram bem recebidas.- Na primeira apresentação eu levantei e me retirei, era muita bandalheira. Agora eu voltei, acho que melhorou - comentou o contador e cantor Gerson Souza, 59 anos. Além das instalações e do espaço para declamação, o evento ofereceu palestras, debates, saraus e oficinas, como a de Sensibilização Poética, ministrada pela artista gaúcha Graça Carpes, que atualmente mora no Rio. Se o objetivo do Porto Poesia, idealizado por mais de 50 autores, era divulgar a produção local e propor debates sobre o fazer poético e a produção literária, deu certo.