Desconto por greve atingiria 98 mil
STF regrou as paralisações no setor públicoPelo menos 98 mil servidores públicos federais teriam seus salários descontados pelo governo este ano, caso tivesse passado a valer em janeiro a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de usar as normas do setor privado para as greves do funcionalismo.O levantamento, feito pelo jornal O Estado de S.Paulo, considera os servidores parados das universidades federais, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), da Polícia Federal e do Ministério da Cultura.Na quinta-feira, os ministros do STF decidiram que as greves de servidores devem seguir a lei que rege as paralisações de trabalhadores da iniciativa privada. Com isso, os governos têm garantido o direito de cortar o ponto e reduzir o salário no valor correspondente aos dias parados.As centrais sindicais estão em campanha para que o Palácio do Planalto envie o quanto antes um projeto de lei que substitua a decisão do STF .- É a negociação que evita a greve, não os juízes - afirma Denise Motta Dau, secretária de organização sindical da CUT.As centrais querem que o Executivo ratifique a convenção da Organização Internacional do Trabalho que trata da negociação no setor público. O direito de greve seria reconhecido junto a regras para resolver conflitos trabalhistas. - É preciso haver saída negociada, o governo tem que cumprir a palavra - diz João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical.Se pelo governo a pressão não funcionar, os sindicalistas pretendem mobilizar deputados que têm sob sua influência no Congresso, especialmente os do PT, PDT, PSB e PC do B. Até a decisão do Supremo, predominava um vazio jurídico, que sindicatos aproveitavam para fazer greves com duração indeterminada. Os sindicalistas reclamam que a decisão do STF não criou regras que obriguem o governo a negociar com eles.