Risco de vida para funções sem risco
Atualmente, 195 policiais civis e militares e agentes da Susepe recebem do Estado adicional de 222% sobre o salário básico mesmo sem exercer funções vinculadas à área de segurançaO secretário da Segurança Pública, José Francisco Mallmann, pretende acabar com uma prática considerada por ele uma discrepância: a cedência de pessoal para outros órgãos. Atualmente, 195 policiais civis, militares e agentes da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) recebem do Estado o adicional de 222% de risco de vida sobre o salário básico mesmo sem trabalhar em funções da área de segurança.Desde maio, Mallmann já trouxe para as funções de origem 251 servidores. A medida foi para aumentar o contingente das corporações, especialmente da Brigada Militar, que tem maior número de cedidos e uma defasagem de quase 10 mil policiais. A iniciativa também pretende evitar o pagamento do risco de vida a quem não esteja servindo a segurança pública. O secretário se refere aos casos em que policiais trabalham em órgãos como Assembléia Legislativa, Tribunal de Justiça, prefeituras e Câmaras de Vereadores, geralmente em funções administrativas. - O funcionário tem de estar na atividade pela qual foi contratado pelo Estado. Que risco de vida ele vai ter num gabinete? Quem está tendo risco de vida é quem está na rua, trabalhando em operações - disse Mallmann.Até 1996, o desvio de função era uma estratégia usada pelos servidores da segurança para engordar o salário para o resto da vida. A função gratificada adquirida nos outros órgãos era incorporada para sempre ao contracheque. Bastava um policial passar alguns meses na Assembléia, por exemplo, para aumentar os vencimentos. Foi o que ocorreu com o servidor da Susepe que tem uma aposentadoria de R$ 43 mil. Atualmente, isso não é mais possível. Mesmo assim, as transferências atraem os policiais pela função gratificada temporária e a permanência do pagamento do risco de vida.- Os policiais vão para outros cargos porque estão atrás de melhores salários. Também acho que deveriam voltar para a corporação, mas se forem chamados todos. As cedências foram autorizadas pelo Estado e têm de ser resolvidas pelo Estado - opinou o tenente-coronel Altair de Freitas Cunha, presidente da Associação de Oficiais da Brigada Militar.( mauro.graeff@zerohora.com.br )MAURO GRAEFF JÚNIORO que diz José Mallmann, Secretário da Segurança "Quem está tendo risco de vida é quem está na rua, trabalhando em operações."