Yeda: ‘Ajuste sai de qualquer modo’
Para garantir saneamento das contas, governo planeja cortes mais duros à política de incentivos O governo do Estado lançou ontem o plano B para garantir o ajuste fiscal nas contas públicas. Caso o Plano de Recuperação do Estado não seja aprovado em plenário, no dia 14, o Executivo irá pôr em prática medidas ainda mais duras do que as encaminhadas à Assembléia Legislativa. O aviso foi dado pela governadora Yeda Crusius. Ela garantiu que ´o ajuste sai de qualquer modo´. Na avaliação de Yeda, até agora o preço da crise foi pago pelo funcionalismo e pelo governo, que se tornou incapaz de prestar serviços eficientes e investir em áreas essenciais, como educação e saúde. Disse ainda que, sem a aprovação do conjunto de medidas para sanear o déficit, será necessário ampliar os cortes de incentivos fiscais concedidos a empresas. A governadora destacou que seu compromisso prioritário é realizar o ajuste para que o Rio Grande do Sul possa voltar a crescer. ´Todos sabem que o investimento do Estado articula todos os outros. Sem essa participação, não estaremos em condições, por exemplo, de contribuir minimamente para a atração de novos empreendedores´, destacou. Para Yeda, dizer não ao plano, sem apresentar alternativa possível, representa atestado de irresponsabilidade. ´Alguns setores resistem em encarar a verdade´, avaliou. A governadora lamentou ainda que críticos das medidas ataquem o Executivo com visão simplista. ´Só faltam me dizer que o Estado não precisa existir, pois assim seria mais fácil´, disse. Apesar de já trabalhar com alternativa paralela ao Plano de Recuperação do Estado, Yeda destacou que todas as propostas encaminhadas à Assembléia Legislativa são passíveis de alteração na busca do apoio necessário à aprovação. ´Tudo está em discussão desde que as contribuições não representem a descaracterização do plano nem anulem a sua finalidade´, afirmou.À tarde, o secretário da Fazenda, Aod Cunha de Moraes Júnior, detalhou o que o Executivo considera como ´alternativa emergencial´. Conforme o secretário, caso o conjunto de medidas seja rejeitado pelos parlamentares, o governo terá de tomar medidas ainda mais severas para garantir o ajuste fiscal e a viabilidade do Rio Grande do Sul. Ele explicou que a única saída será ampliar os cortes aos créditos fiscais concedidos aos empresários e aos incentivos dos setores exportadores. ´Essas ações irão afetar diretamente a nossa competitividade, o que não é bom para ninguém. Haverá reflexos sobre a geração de emprego e renda, mas o governo está embretado, num dilema´, destacou. Aod argumentou que segmentos empresariais imaginam que o Estado tem de falir e atrasar ainda mais a folha de pagamento para que seja encontrada solução. ´Essa postura é irresponsável. Até agora, o preço foi pago pelo governo e pelo funcionalismo. Se o plano não for aprovado, iremos avançar em áreas mais difíceis. Não restará outra alternativa´, disse o secretário.