Governo empurra Classe para greve

07 Nov 2007
Após 54 dias de negociação, o Governo ainda não conseguiu se articular para apresentar uma proposta fechada às categorias que integram o Fisco Federal. Na reunião realizada ontem (7/11), o secretário de Recursos Humanos do MPOG (Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão), Duvanier Paiva, disse que lamentava a impossibilidade de estabelecer uma dinâmica com os três ministérios (Fazenda, Planejamento e Trabalho) para elaborar uma proposta para debate com as carreiras. Alegou que os ministérios envolvidos não chegaram a um consenso sobre o salário inicial, a questão do fosso e os critérios de progressão na carreira. Acerca do fosso, informou que o Governo trabalha com duas hipóteses. Uma delas seria a exclusão de três padrões. Sobre a outra, nada esclareceu, acrescentando que o Governo não concebe a solução do fosso com a criação de um novo fosso. Porém, não se comprometeu com a implementação de nenhuma das duas hipóteses.Sobre o salário inicial, apesar de considerar normal que seja mantida a amplitude atualmente existente em relação ao salário final, informou que o Governo trabalha com três cenários, não adiantando quais seriam.Questionado pelo presidente do Unafisco, Pedro Delarue, sobre a existência de boatos que davam conta da criação de uma classe para cima e/ou uma para baixo das hoje existentes, Duvanier respondeu que esse tipo de especulação é comum durante negociações salariais, mas que não passa de mais um comentário sem fundamento, pois o Governo não cogita criar novas classes na carreira.Ele marcou nova reunião para a próxima terça-feira (13/11), às 19h30, quando pretende mostrar propostas para o salário inicial e para o fosso. Duvanier afirmou ainda que os critérios para avaliação de desempenho encontram-se em processo de elaboração. Ele considera que, por ser uma novidade no Executivo Federal, tais critérios demandam muita discussão e estudo. Acrescentou também que esse é, entre os detalhamentos que faltam ser finalizados, o de solução mais complexa. Também justificou a ausência de proposta dizendo que o Governo está em um momento político delicado no Congresso Nacional e mobilizando seus esforços para garantir a aprovação da prorrogação da CPMF.Diante dessa posição, Pedro Delarue disse que compreende as dificuldades do Governo para atingir um consenso, mas que não dá para aceitar que as negociações tenham emperrado totalmente nos últimos 20 dias. “A Classe não entenderá porque não se buscou avançar em nenhuma das questões. Se pelo menos o Governo tivesse definido, por exemplo, que o salário inicial seria correspondente a 76% do final, já seria um avanço, mas não dá para dizer a 17 mil Auditores que, mais uma vez, não há qualquer proposta para debate”, afirmou ele.Vale repetir aqui o entendimento da DEN (Diretoria Executiva Nacional), divulgado no Boletim do dia 1º de novembro, um dia depois da outra reunião em que não houve avanço: o Governo, após as seguidas postergações para apresentar uma proposta aos Auditores-Fiscais, parece desconhecer que não está deixando alternativa a não ser a radicalização do movimento.