PF oferece delação premiada a presos

09 Nov 2007
PF oferece delação premiada a presosPelo menos dois dos 13 detidos pela Polícia Federal (PF) na operação para desbaratar o esquema de fraudes no Departamento Estadual de Trânsito (Detran) começaram ontem a colaborar com as autoridades. A operação investiga irregularidades que geraram R$ 40 milhões de prejuízo à autarquia. Os detidos podem ser beneficiados com a delação premiada, que garante redução de um terço a até dois terços da pena.A PF prendeu 13 pessoas, mas o número de indiciados deve ser muito maior. Os policiais calculam que até 50 pessoas terão de responder na Justiça por crimes como formação de quadrilha e corrupção, no caso de fraude contra o Detran.- Oferecemos o benefício para todos os que estão com prisão temporária decretada. Os que foram usados como testas-de-ferro pela quadrilha são nosso objetivo. A estratégia está funcionando - confirma o superintendente da PF no Estado, delegado Ildo Gasparetto.Um dos presos, ouvido duas vezes, mudou a versão ao aceitar a colaboração proposta pela PF. Ele atuava na intermediação do esquema de repasse de verbas do Detran para a Fundação de Apoio à Tecnologia e Ciência (Fatec) e dessa para empresas terceirizadas. Ao ser ouvido pela primeira vez, insistiu na legalidade das operações e jurou inocência. Na segunda versão, confirmou que empresas foram montadas com o objetivo de desfrutar do fluxo de verbas oriundo dos exames.Nove presos restantes devem ser libertados até domingoO colaborador declarou que foi tramado o afastamento de empresas para que outras se beneficiassem. A Fatec cedeu lugar à Fundação Educacional e Cultural para o Desenvolvimento e Aperfeiçoamento da Educação e da Cultura (Fundae).Um outro preso teria declarado que a Fatec recebia pouco e realizava a maior parte dos serviços, enquanto quase todo o lucro acabava com empresas terceirizadas. As informações dadas pelo suspeito indicariam que as prestadoras de serviços eram ligadas a parentes de dirigentes do Detran e que a Fatec remunerava professores que prestam serviços à fundação, apesar de terem contrato de dedicação exclusiva com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). São testemunhos que confirmam parte das provas coletadas pela PF por meio de documentos.Os policiais vão agora checar as informações. O acerto final da delação premiada, proposto pela PF e pelo Ministério Público Federal, será intermediado pela Justiça Federal. Zero Hora não publica o nome dos presos que estão aceitando o benefício para preservar a integridade física dos detidos.Até a noite de ontem, apenas cinco dos 13 presos pela Operação Rodin a terça-feira tinham sido libertados. O último a ser solto, segundo o delegado Gustavo Schneider, foi Dario Trevisan de Almeida às 23h20min. - Meu cliente declarou todos os lucros às autoridades, não há por que mantê-lo preso - reclama Alexandre Wunderlich, advogado do preso Lair Ferst.A PF justificou a manutenção dos detidos na prisão porque vários estão sendo ouvidos mais de uma vez. Os que continuam presos devem ser soltos até o final de semana.O delegado Ildo Gasparetto afirma que os policiais federais continuarão usando algemas nas operações, apesar da reclamação dos suspeitos. Ele afirma que a abordagem da polícia tem de ser feita com supremacia e superioridade, porque a reação de quem será detido é imprevisível.- Da classe A a E, continuaremos a algemar sempre que necessário - sintetiza o superintendente da PF.( humberto.trezzi@zerohora.com.br )