Força-tarefa vai analisar documentos do Detran
A Operação Rodin, que apura a suposta fraude contra o Departamento Estadual de Trânsito (Detran), entra em uma nova fase de trabalho com a formação de uma força-tarefa para acelerar as investigações. Conforme o delegado da Polícia Federal (PF) Gustavo Schneider, que preside o inquérito, existe uma tonelada de papéis, além de arquivos de computador e extratos bancários que precisam ser analisados por especialistas.Peritos da PF se unirão a técnicos da Receita Federal, do Ministério Público Federal e do Ministério Público Especial (que atua junto ao Tribunal de Contas do Estado) para decifrar documentos que possam comprovar um esquema que teria movimentado R$ 40 milhões (corrigidos) entre 2003 e 2007. A idéia é concluir os trabalhos em até 60 dias.O gigantismo também pode levar o inquérito a ser desmembrado em outros. Eles seriam um subproduto dos depoimentos de suspeitos e de testemunhas e das escutas telefônicas realizadas com autorização judicial. A orientação geral do Ministério da Justiça para a PF é, em qualquer investigação, abrir novos inquéritos para fatos descobertos ao longo da apuração.- Queremos evitar que a ampliação demasiada de um inquérito resulte em impunidade - diz o ministro da Justiça, Tarso Genro.PF não descarta hipótese de voltar a prender suspeitosAo deparar com irregularidades que não tenham vinculação com órgãos federais, a PF encaminhará as informações para o Ministério Público Estadual e à Polícia Civil. No caso do Detran, a PF só está no comando das investigações porque a fraude envolve fundações ligadas à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Se houver indícios de irregularidades em contratos dessas fundações com prefeituras, serão abertos inquéritos específicos para cada uma. Ontem pela manhã, o delegado Schneider se reuniu com o superintendente da PF, Ildo Gasparetto, para fazer um balanço da operação e definir os novos passos da investigação. Após uma hora, os dois deixaram a sede da PF afirmando que ocorreram significativos avanços.- Há provas concretas contra os suspeitos. O quadro está bem materializado para compreensão da fraude - afirmou Gasparetto.Dos 13 presos na semana passada, oito tiveram a prisão temporária renovada e seis deles permanecem na carceragem da PF. Parte do grupo liberado vai ser intimado a depor novamente, incluindo o ex-diretor-presidente do Detran Flavio Vaz Netto. Conforme Gasparetto, ocorreram contradições que precisam ser esclarecidas. - Há desmentidos, mostrando que algumas pessoas mentiram - afirmou o superintendente.A PF não descarta a hipótese de algumas dessas pessoas serem detidas novamente. Outras também poderão ser presas, inclusive preventivamente, pois chegaram informes à PF que provas teriam sido destruídas a partir de terça-feira, quando começaram as prisões temporárias.- São pessoas que podem esclarecer fatos importantes para montar o quebra-cabeças - afirmou Schneider.Um dos novos depoimentos será do ex-reitor da UFSM Paulo Jorge Sarkis. Ele comandava a instituição à época em que a Fundação de Apoio, à Tecnologia e Ciência (Fatec), ligada à UFSM, teria sido contratada irregularmente pelo Detran.A Operação Rodin apontou que o ex-reitor tem laços com a Sarkis Engenharia Estrutural, empresa da mulher e dos filhos do ex-reitor, que teria sido beneficiada com R$ 74 mil saídos dos cofres do Detran.Em outubro, a juíza Simone Barbisan Fortes, da 3ª Vara Federal de Santa Maria, já havia decretado a indisponibilidade dos bens do ex-reitor e de um ex-diretor da UFSM, sob suspeita de improbidade administrativa por causa de um outro processo judicial referente a um convênio assinado pela universidade.