PF apresenta provas do escândalo
Uma inofensiva pasta preta, semelhante ao modelo que transporta notebooks, era utilizada pelos suspeitos de desviar mais de R$ 40 milhões do Detran-RS para carregar o dinheiro que seria usado como propina. A mala, apresentada ontem pelo superintendente da Polícia Federal no Estado, delegado Ildo Gasparetto, na sede da PF, teria sido utilizada pelo menos quatro vezes nos últimos meses. Em cada ocasião, teriam sido transportados R$ 175 mil. Segundo o procurador da República Ivan Cláudio Marx, imagens registram o suspeito carregando a mala com o dinheiro em pelo menos quatro oportunidades nos últimos quatro meses, sempre em flats de Porto Alegre. A PF também divulgou ontem os outros R$ 175 mil apreendidos. De acordo com Gasparetto, a quantia estava em uma empresa sistemista acusada de participar do esquema fraudulento.Conforme o superintendente, o dinheiro era sacado em diversas agências bancárias de Porto Alegre, sempre em valores inferiores a R$ 10 mil, para que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) não pudesse rastrear a movimentação financeira. ´Isso demonstra que tudo estava planejado, pois eles sabiam que, se sacassem valores acima desse teto, poderiam ser investigados pela PF e pelo Coaf. Tudo era feito de maneira que os órgãos não pudessem realizar essa investigação´, observou o delegado. A Polícia Federal também quer saber se o dinheiro desviado estava sendo embolsado diretamente pelos envolvidos no esquema ou se seria aplicado em outras situações. Gasparetto revelou ainda que a investigação dispõe de imagens mostrando as malas sendo entregues a diretores do Detran supostamente envolvidos no caso.O superintendente adiantou que a força-tarefa formada nesta semana tem como objetivo tomar todos os depoimentos dos detidos até quinta-feira, quando termina o prazo legal da prisão temporária decretada pela Justiça. Após a conclusão desses depoimentos, que devem ocorrer até amanhã, a Polícia Federal passará a ouvir as pessoas que estão em liberdade, mas que também são alvo de investigação. Ildo Gasparetto enfatizou que todos os investigados ´que foram soltos estão indiciados e os demais também devem seguir esse caminho´.Quanto ao incêndio ocorrido ontem na sede do Detran, em Alegrete, o delegado afirmou que, inicialmente, o fato não teria relação com a fraude descoberta. Uma equipe da Delegacia da Polícia Federal em Uruguaiana esteve no local, mas a investigação deve ficar a cargo da Polícia Civil. Superintendente da Polícia Federal, Ildo Gasparetto, apresenta pasta e dinheiro usados pelos envolvidos na fraude