Ajuda financeira só com aprovação da CPMF
Tanto Yeda Crusius quanto os três senadores gaúchos saíram do encontro com o presidente convencidos de que o governo federal só irá liberar dinheiro se o imposto for prorrogadoTrês horas de reuniões com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva bastaram para a governadora Yeda Crusius e os senadores gaúchos saírem do Palácio do Planalto com uma certeza. Se o governo não aprovar a CPMF no Senado, não haverá socorro ao Rio Grande do Sul.- O presidente não colocou em momento algum essa condição, mas a gente sabe que, mesmo se tiver dinheiro em caixa, sem a CPMF o Planalto não passará nada ao Estado - revela um interlocutor de Yeda. Foi por conta desse sentimento que a governadora almoçou com o senador Pedro Simon (PMDB) antes de se reunir com Lula, na quarta-feira. Único dos gaúchos propenso a votar contra o imposto, aparentemente Simon cedeu aos apelos de Yeda. Ao final do almoço, a governadora disse que o senador era "parte da solução". Antes da audiência com Yeda, Lula se reuniu durante uma hora e meia com Simon, Paulo Paim (PT) e Sérgio Zambiasi (PTB). Lula exigiu contrapartidas para socorrer o EstadoLula mais ouviu do que falou. Na tentativa de convencer o presidente sobre a anemia financeira do Estado, Simon, com a ajuda dos demais senadores, fez um relato das origens da crise. Lula reagiu dizendo que aquela era a primeira vez que recebia informações tão completas sobre a penúria e se comprometeu em ajudar. - Assumo um compromisso pessoal de ajudar o Rio Grande - disse o presidente.Diante da promessa, Simon lembrou:- Mas presidente, o senhor é mais um que assume um compromisso pessoal. O Sarney, o Itamar e o Fernando Henrique fizeram o mesmo e até agora nada aconteceu. Lula, no entanto, reafirmou a disposição de socorrer o Estado. Porém, exigiu contrapartidas. - Desta vez será diferente. Mas o Estado tem de fazer os seus ajustes. Não adianta acertarmos essas dívidas e, no final do ano, voltarem aqui dizendo que gastaram todo o dinheiro com salários - alertou Lula. Antes da reunião com Lula, Yeda teve de esperar por meia hora na ante-sala do gabinete presidencial. Nesse intervalo, foi chamada pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. A ministra pediu informações sobre a rejeição do pacote de reestruturação financeira do Estado e lamentou a atitude da Assembléia, que negou ao Piratini mais sete dias para mudanças na proposta. - Lá é como aqui. Alguns integrantes da base governista atuam como se fossem de oposição - disse Yeda. O presidente chegou à reunião 40 minutos mais tarde. Lula citou a possibilidade de ajuda, mas não falou em valores. Após uma hora de conversa, a governadora deixou a reunião com expectativa de que algum repasse emergencial possa ser anunciado em breve. O otimismo se deve à votação da CMPF marcada para terça-feira. Um atraso na prorrogação do imposto sepultaria qualquer chance de ajuda imediata. - O presidente jamais anunciaria dinheiro ao Rio Grande do Sul antes da votação da CPMF. Isso levaria outros Estados a exigir tratamento idêntico, com ameaças de votar contra a medida - diz um assessor de Yeda. ( fabio.schaffner@gruporbs.com.br )FÁBIO SCHAFFNER | BrasíliaO que diz Pedro Simon, senador do PMDB "Presidente, o senhor é mais um que assume um compromisso pessoal. (...) Até agora nada aconteceu."