Na TV, Lula aposta no PAC em 2008 e lamenta fim da CPMF
Em mensagem de fim de ano, presidente fala sobre inclusão social e diz que País está no ´caminho certo´ReproduçãoLula durante pronunciamento de fim de ano BRASÍLIA - Em seu discurso de fim de ano nesta quinta-feira, 27, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva exaltou a economia do País, lamentou o fim da CPMF e falou do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) como a grande aposta de 2008. "Já podemos dizer com certeza que nossa economia cresceu mais de 5% em 2007 e 2008 será também muito bom, pois estamos iniciando ano com ritmo bem vigoroso". Em 2007, lançamos e consolidamos o PAC. Ano que vem Brasil será um canteiro de obras. Nos próximos anos, 504 bilhões de reais vão se transformar em rodovias, ferrovias. O presidente deixou claro que , sem os cerca de R$ 40 bilhões que seriam arrecadados com a CPMF, que os investimentos na área da saúde estarão comprometidos. "Na saúde, no começo de dezembro, lançamos o PAC que destinaria até 2010 mais de R$24 Bilhões para o setor. Infelizmente, esse processo foi truncado com a derrubada da CPMF , responsável em boa medida pelos investimentos na área da saúde. Estou convencido de que o governo, Congresso e sociedade, juntos, encontrarão uma solução para o problema". Lula encerrou seu discurso afirmando que o País está no caminho certo. "Tenho fé que somos um povo que supera suas dificuldades. Certamente poderemos fazer muito mais agora, quando Brasil encontrou seu rumo e está no caminho certo". Leia a íntega do pronunciamento: Minhas amigas e meus amigos, Nesta noite, quero fazer com vocês um balanço de 2007. Deste excelente momento do Brasil. Quero começar agradecendo a todos que, com seu trabalho, esforço e determinação, tornaram esse momento possível. Quero agradecer ao Congresso Nacional e ao Poder Judiciário. Quero agradecer tanto aos que apoiaram como aos que criticaram o governo ao longo desses anos. Sem a participação de todos seria impossível unir o País e encontrar os melhores caminhos para o futuro. A todos vocês, meu muito obrigado. Já podemos dizer com certeza que nossa economia cresceu mais de 5% em 2007. E 2008 será também muito bom, pois estamos iniciando o ano com um ritmo bem vigoroso. O desemprego está em queda. De janeiro a novembro, criamos 1 milhão 936 mil empregos com carteira assinada, um recorde histórico. Segundo o IBGE, o índice de desemprego no mês passado foi de 8,2%. O mais baixo de toda história desta pesquisa. Não só aumenta o emprego. O salário também melhora. Em 97% dos acordos, o trabalhador teve reajuste maior ou igual à inflação. A massa salarial cresceu 7% este ano. Nos últimos 5 anos, 20 milhões de pessoas deixaram as classes D e E, de baixo consumo, e migraram para a classe C. Apenas nos últimos 17 meses, 14 milhões de brasileiros ingressaram nesta nova classe média, cada vez mais ativa e numerosa. Ou seja, finalmente, estamos criando um amplo mercado de massas. Inclusão Social Um amplo mercado de massas não só melhora a vida de milhões de famílias. Também gera um círculo virtuoso: como há mais gente entrando no mercado consumidor, crescem as vendas, a indústria e o campo produzem mais, os empresários investem com mais força e as empresas abrem mais vagas. Por tudo isso, este ano, a ONU incluiu o Brasil, pela primeira vez, no grupo dos países com alto índice de desenvolvimento humano. É sinal de que nossa luta contra a pobreza, através de programas como o Bolsa-Família, está dando certo. Isso mostra que inclusão social não é apenas uma expressão bonita e desejada. E, sim, uma realidade. Uma realidade que vai se ampliar ainda mais, porque o Brasil descobriu como fazer crescimento econômico com inclusão social. Esta talvez seja a nossa maior conquista nos últimos anos: o Brasil não aceita mais ser um país de poucos. Está se tornando um país de muitos. E não descansará enquanto não for de todos. Programa de Aceleração do Crescimento - PAC Em 2007, lançamos e consolidamos o PAC. Em 2008, o Brasil será um canteiro de obras. Nos próximos anos, 504 bilhões de reais vão se transformar em rodovias, ferrovias, hidrovias, energia, portos e aeroportos, habitação, água potável e saneamento básico. O PAC significa, antes de tudo, crescimento e emprego. As décadas perdidas, pela falta de confiança no país e pela falta de planejamento e de ação do estado, ficaram para trás. Não só estamos fazendo mais, como estamos fazendo muito mais barato. nas licitações para exploração de rodovias, o preço dos pedágios caiu fortemente. No leilão da usina de Santo Antonio, no Rio Madeira, o custo do megawatt/hora voltou aos patamares do início da década de 90. São ótimas notícias para o país. Meio Ambiente Se o Brasil descobriu como crescer com inclusão social, também está descobrindo como crescer sem destruir a natureza. Temos conseguido reduzir o desmatamento de forma constante e sustentada. Estamos ampliando nossa liderança mundial no uso e na produção de biocombustíveis. E, a partir do dia 1º de janeiro, daremos um novo passo, adicionando 2% de biodiesel a todo o óleo diesel consumido no país. Nossa matriz energética é e continuará sendo uma das mais limpas do mundo. Todo esse esforço nos dá autoridade para exigir dos países ricos, os que mais poluem o planeta, medidas efetivas para reduzir o aquecimento global. Avançar Mais A casa está arrumada e os resultados começam a aparecer. Mas é necessário avançar ainda mais, sobretudo em segurança, educação e saúde. Na segurança, queremos estreitar ainda mais a colaboração com os estados. reforçamos a inteligência policial, organizamos a força nacional de segurança e fortalecemos a polícia federal. e lançamos neste ano o PRONASCI, programa que investirá até 2010 mais de R$ 6 bilhões no combate ao crime, além de apoiar os jovens ameaçados de cair na delinqüência. Na educação, além do FUNDEB, criamos o plano de desenvolvimento da educação, o PDE, que fará uma revolução na qualidade do ensino no país. Até 2010, serão aplicados 12 bilhões de reais a mais nos ensinos médio e fundamental, reforçando os salários dos professores e equipando as escolas. E estamos abrindo 10 novas universidades públicas, 48 extensões universitárias no interior e 214 escolas técnicas em todo o país. Também estamos ampliando o ProUni, que já ofereceu 400 mil bolsas de estudos em faculdades particulares, e lançando o reuni, que, em 4 anos, vai criar cerca de 400 mil novas vagas nas universidades federais. assim, tornaremos mais democrático o acesso ao ensino superior. Na saúde, no começo de dezembro, lançamos o PAC, que destinaria até 2010 mais R$ 24 bilhões para o setor. entre outras coisas, todas as crianças das escolas públicas passariam a ter consultas médicas regulares, inclusive com dentistas e oculistas. Infelizmente, esse processo foi truncado com a derrubada da CPMF, responsável em boa medida pelos investimentos na saúde. como democrata, respeito a decisão tomada pelo congresso. E estou convencido de que o governo, o congresso e a sociedade, juntos, encontrarão uma solução para o problema. Confiança no Brasil As boas notícias na economia e em outros setores criaram um novo clima no país. Hoje, há mais brasileiros olhando para o futuro com esperança. Nada disso está ocorrendo por acaso. É fruto do trabalho e das escolhas feitas pelo povo e pelo governo. É fruto da participação social e do funcionamento da democracia. Estamos colhendo o que plantamos. Volto a repetir que sou, ao mesmo tempo, o mais satisfeito e o mais insatisfeito dos brasileiros. Satisfeito porque fizemos muito, e insatisfeito porque ainda é pouco diante do tamanho da nossa dívida social. Da minha parte, tenho fé que somos um povo capaz de enfrentar as maiores dificuldades e resolver qualquer problema. Fizemos isso em momentos muito mais difíceis. Certamente poderemos fazer muito mais agora, quando o Brasil encontrou seu rumo e está no caminho certo. Um Feliz Ano Novo. Que 2008 seja ainda melhor que 2007. Boa noite.