Deterioração das contas externas e O avanço das MPEs
FONTE: SITE UOLO Estado de São PauloTerça-Feira, 29 de Julho de 2008 | Versão ImpressaDeterioração das contas externasO superávit do balanço de pagamentos, no primeiro semestre deste ano, foi de US$ 18,3 bilhões, ante US$ 61,6 bilhões no mesmo período de 2007. A queda se deveu essencialmente ao déficit das transações correntes, de US$ 17,4 bilhões, ante um superávit de US$ 2,4 bilhões no primeiro semestre do ano passado. A conta financeira, que eventualmente permite compensar o déficit em transações correntes, caiu de US$ 60,3 bilhões para US$ 40,7 bilhões, entre os dois períodos.O déficit nas transações correntes tem sido mensal, mostrando claramente que é uma tendência, e, neste ano, teve duas causas principais: a redução do superávit da balança comercial, de US$ 20,5 bilhões para US$ 11,3 bilhões, e o aumento do déficit na conta de lucros e dividendos: de US$ 9,8 bilhões, no primeiro semestre de 2007, para US$ 18,9 bilhões, neste ano.Em maio, um excepcional superávit da balança comercial (US$ 4,0 bilhões), em razão do fim da greve da Receita Federal, havia permitido reduzir para US$ 649 milhões o déficit em transações correntes, que voltou a subir para US$ 2,5 bilhões em junho - um recorde desde o início da série histórica do balanço de pagamentos, em 1947.Parece difícil que até o final do ano a balança comercial volte a apresentar superávit, como em 2007, pois, em conseqüência da política monetária, que acentua a diferença entre as taxas de juros no Brasil e nos EUA, valorizando a taxa cambial, as exportações encontrarão dificuldades para crescer, mas, especialmente, as importações crescerão a um ritmo muito maior. Essa diferença de taxa favorece os investimentos em renda fixa (até ontem somavam US$ 3,3 bilhões ante US$ 907 milhões para todo o mês de junho), fortalecendo a moeda nacional.Os investimentos estrangeiros diretos (IEDs) líquidos (US$ 2,718 bilhões em junho, US$ 17,702 bilhões no semestre) devem permitir cobrir o déficit das transações correntes, mas estão contribuindo para aumentar as remessas de lucros e dividendos: neste mês, até o dia 24, os IEDs foram de US$ 2,9 bilhões, mas as remessas somaram US$ 2,0 bilhões.Não se deve temer para este ano, ainda, um déficit em transações correntes insuportável; mas, a longo prazo, sem um aumento do superávit da balança comercial, vamos enfrentar uma deterioração das contas externas que poderá criar uma crise cambial como no passado, apesar do nível das nossas reservas. http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080729/not_imp213521,0.phpFONTE: SITE UOLO Estado de São PauloQuinta-Feira, 31 de Julho de 2008 | Versão ImpressaO avanço das MPEsO Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa (MPE), feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), mostra avanços na educação e na renda dos empregados, ao lado da manutenção de um grau elevado de informalidade nesse segmento da economia. Esse quadro evidencia a urgência de fortalecer as políticas públicas destinadas a preparar mão-de-obra para o mercado de trabalho, sem o que a melhora do emprego continuará muito lenta.Editado neste ano, o trabalho refere-se a dados de 2002 a 2006. Encomendado pelo Sebrae ao Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), baseia-se em números da Relação Anual de Informações Sociais, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios e da Pesquisa de Emprego e Desemprego do IBGE, além do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e de estudos próprios do Dieese e do Sebrae, o que lhe confere amplitude.É uma amostra de 2,241 milhões de empresas, das quais 1,873 milhão são micro e 311 mil, médias companhias - que, em 2006, empregavam 13,248 milhões de pessoas. O trabalho abrange mais 3,831 milhões de microempresas que declararam não ter empregados.Entre 2002 e 2006, cresceu, nas microempresas, a participação dos empregados na faixa etária de 40 a 49 anos (de 15,8% para 17,5%) e de 50 a 64 anos (de 7,6% para 9%). Este é um indicador de que mais pessoas deixaram o emprego ou se aposentaram para abrir um negócio. Mas também de que as pequenas empresas preferem quadros com mais experiência e maior nível de educação. E isto ocorre tanto nas empresas de serviços em geral como também no comércio.Nos mesmos anos, a participação em microempresas dos empregados com curso superior completo aumentou de 3,8% para 4,7%; e a daqueles com 2º grau completo, de 28% para 37,9%; enquanto declinava de 1% para 0,5% o porcentual de analfabetos e de 9,4% para 6,4% o daqueles com a 4ª série completa. No comércio, a participação dos funcionários com 2º grau completo passou de 34,3% para 46,5% e nos demais serviços, de 28,9% para 34,5%. Nos serviços em geral, aumentou de 15,1% para 17,9% o porcentual da mão-de-obra com curso superior completo.Mais anos de estudo têm reflexo significativo nos salários. Em 2006, funcionários em microempresas do comércio, com o superior completo, percebiam 2,4 vezes mais do que aqueles com apenas a 4ª série completa e 2,3 vezes mais do que os com 2º grau completo. Nos demais serviços, estas proporções foram, respectivamente, de 2,5 vezes e de 2,6 vezes, realçando a importância da educação superior para a ascensão profissional.O elevado número de microempresas sem empregados registrados foi enfatizado pelos analistas do Sebrae. Mas, em grande parte, são empresas de um único dono, em geral, um profissional liberal que deixou de ser assalariado. Na mesma situação estão, segundo o Sebrae, organizações sem fins lucrativos. Há, também, o trabalhador autônomo que presta serviços às MPEs e que tem enorme peso no mercado. O órgão calcula que ainda há cerca de 1 milhão de funcionários dessas empresas que trabalham sem registro em carteira. Mas esta situação provavelmente mudou para melhor com a nova legislação das MPEs, que reduziu encargos tributários.Quanto menor a empresa, maior a possibilidade de que ela atue na informalidade. No interior e nas regiões mais atrasadas, a informalidade também é maior, com exceções como a região metropolitana de São Paulo. Apenas quatro Estados do Norte e Nordeste (Bahia, Pernambuco, Ceará e Pará) concentram 20,1% do total do emprego informal. A informalidade é menor nas áreas mais desenvolvidas e com melhor distribuição de renda. Na Região Sul, 81,3% das MPEs estão no interior - ou seja, a formalização e a fiscalização não se concentram nas capitais. Em média, no Brasil, 67,6% das microempresas - onde é maior a informalidade - estão no interior.Educação, qualificação profissional e formalização da atividade parecem andar juntas, sugere o Anuário do Sebrae. http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080731/not_imp214832,0.php