Ministério Público nega negociação com Lair Ferst
FONTE: JORNAL DO COMÉRCIO RS07082008 | Versão ImpressaMinistério Público nega negociação com Lair Ferst7/8/2008O Ministério Público Federal (MPF), através da força-tarefa que atua no caso sobre a fraude no Detran, informou ontem que não existe nenhuma negociação para acordo com o empresário Lair Ferst. Ele é réu na investigação sobre o desvio de R$ 44 milhões do Detran.O MPF esclareceu ainda que se reuniu apenas uma vez com Ferst, por solicitação do próprio investigado e de seu advogado, no início de março, antes ainda da apresentação do relatório do inquérito policial. Na ocasião, o MPF propôs a colaboração premiada. Na reunião, foi exigida, em caso de assinatura do acordo, a completa colaboração do investigado para esclarecer a participação de todos os envolvidos na fraude. Após este encontro, no qual a proposta de acordo não foi aceita pelo acusado, nenhuma reunião foi realizada. O MPF acrescenta ainda que não foi mais procurado por Ferst.O empresário, em contato por telefone, confirmou a versão do MPF de que não está negociando e que, na época do primeiro contato, não aceitou a proposta de delação premiada. "Minha defesa entendeu que não era conveniente fazer acordo naquele momento porque não tínhamos conhecimento sobre todo o conteúdo do inquérito", explicou Ferst.Ele, no entanto, não descarta a possibilidade de retomar o contato com o MPF. "A porta ficou aberta, mas ainda não temos essa avaliação. Estamos trabalhando no detalhamento do inquérito e da denúncia para tomar uma posição", disse. Ele adiantou que existem "pontos obscuros", no material produzido pela investigação."Há várias imputações que não me dizem respeito. Não tive o papel de mentor e articulador, como foi colocado", argumentou Ferst, ao se referir à chamada fase dois da fraude, quando houve a substituição da Fatec pela Fundae, sistemistas vinculadas à Universidade Federal de Santa Maria.Oposição cobra resposta do governo sobre declarações de empresárioO suposto envolvimento de membros do governo e da própria governadora Yeda Crusius na fraude do Detran, revelado pelo empresário Lair Ferst, foi tema de boa parte da sessão plenária de ontem da Assembléia Legislativa, com repercussões sobre matéria publicada na Folha de S. Paulo. O líder da bancada do PT, Raul Pont, ressaltou que o lobista anunciou que poderá implicar em torno de dez nomes do primeiro escalão do Executivo gaúcho. "E se trata de uma pessoa que, há duas ou três semanas, era membro da direção estadual do PSDB", afirmou Pont.Para Fabiano Pereira (PT), que presidiu a CPI do Detran, as declarações de Ferst não geram surpresa. "Um esquema de tal monta não poderia existir sem uma conivência política, com ação de governo nesse sentido", declarou. Elvino Bohn Gass (PT) também defendeu que o lobista seja novamente ouvido pelos órgãos competentes. O petista Raul Carrion (PCdoB) manifestou preocupação com as "declarações de Ferst sobre o fato de a governadora ter ciência da fraude". O deputado Gilmar Sossella (PDT) criticou o silêncio do Palácio Piratini diante das afirmações do ex-tucano.O líder do governo, deputado Pedro Westphalen (PP), disse que o Parlamento foi fundamental para esclarecer os fatos envolvendo o Detran. E acrescentou que "o governo tem interesse que essas questões sejam esclarecidas". No final da tarde de ontem, Ferst minimizou as declarações publicadas na Folha de S. Paulo. Disse não ter afirmado que a governadora tinha conhecimento sobre o esquema de corrupção, mas que ela teria acompanhado o processo de substituição da Fatec pela Fundae. O empresário também não confirmou a implicação de integrantes do primeiro escalão na fraude.http://jcrs.uol.com.br/noticias.aspx?pCodigoNoticia=9532&pCodigoArea=35