INTERNACIONAL: Após anunciar retirada, Geórgia acusa Rússia de mandar tropas. E: Lugo toma posse no Paraguai sob expectativa de mudança

14 Ago 2008
FONTE ESTADO ON LINEApós anunciar retirada, Geórgia acusa Rússia de mandar tropasAutoridades afirmam que Moscou está destruindo Gori e Poti, após anúncio russo de deixar cidade estratégicaAgências internacionais Tanques russos patrulha a cidade de PotiTBILISI - O governo da Geórgia afirmou nesta quinta-feira, 13, que a Rússia ainda expande sua presença militar na cidade de Gori, cidade estratégia por ser a principal rota entre o leste e o oeste do país, e no porto de Poti, no Mar Negro. A acusação contradiz o anúncio de que as tropas russas estariam deixado a cidade, cuja ocupação na quarta-feira ameaçou o cessar-fogo acordado entre os dois países. A Rússia negou o envio de militares Mais cedo, autoridades russas anunciaram que começaram a transferir o controle de Gori para tropas da Geórgia. Segundo o jornal britânico The Guardian, o Ministro de Relações Exteriores do país disse que militares russos também entraram em Poti, porto petrolífero no Mar Negro considerado vital para a economia da Geórgia. Questionado sobre as informações, o general Anatoly Nogovitsyn, vice-chefe das forças russas, disse que não há tropas russas ou blindados na cidade de Poti. Um funcionário americano confirmou sob anonimato que a Rússia está sabotando campos de aviação de a estrutura militar georgiana enquanto retira seus efetivos. Segundo ele, a estratégia russa seria deteriorar o Exército da Geórgia e garantir que o país seja incapaz de promover algum ataque no futuro. Segundo a AFP, o porta-voz do Ministério do Interior georgiano afirmou que as tropas russas estavam destruindo a cidade de Gori e o porto de Poti. "Pode-se ouvir o barulho das explosões. Estão minando a cidade", disse Shota Utiashvili. Segundo ele, os militares estariam destruindo ainda as novas estradas no oeste do país. O prefeito de Poti, Iván Saguinadze, disse a uma rádio estatal que soldados russos estavam destruindo infra-estruturas militares e navais. Gori está estrategicamente localizada a 60 km a leste da capital Tbilisi, próxima à região separatista da Ossétia do Sul. A área ainda terá presença de militares russos por mais alguns dias. "Por outros dois dias as tropas russas ficarão na região para... entregar o controle para as autoridades georgianas, depois disso partirão", disse o major-general russo Vyacheslav Borisov segundo agências de notícias do país. "A polícia da cidade começará a trabalhar oficialmente aqui e realizará outras tarefas para manter a segurança", disse Borisov. Soldados russos e georgianos relataram pequenos confrontos num posto de controle nos arredores de Gori, com o suporte de tanques russos. Os guardas do porto de Poti disseram que os tanques acompanharam os caminhões e se afastaram do porto, assim que os caminhões estacionaram. Um dos guardas disse que um caminhão tinha cerca de 20 militares, identificados por ele como membros da força de paz. O comandante da zona portuária de Poti, que não quis ser identificado pelo nome, disse que as tropas russas afundaram seis antigos barcos de combate em Poti na quarta-feira. Ele disse que ninguém se feriu. Segundo testemunhas, mais de 100 veículos militares russos se reuniram a dois quilômetros do centro de Zugdidi, grande cidade no oeste da Geórgia. "Eu contei 104 veículos do Exército russo, incluindo 40 blindados, a maioria deles tanques", disse o fotógrafo Umit Bektas, da Reuters, por telefone, falando da cidade. Ele afirmou que o comboio tinha bandeiras russas e incluía armas como granadas lançadas por foguetes. Integridade territorial Em Moscou, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, declarou que o mundo "pode esquecer essa conversa de integridade territorial da Geórgia". A declaração do chanceler russo ocorreu quase ao mesmo tempo em que o presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, recebia no Kremlin os líderes da Ossétia do Norte e da Abkházia, as duas regiões separatistas georgianas pró-Moscou. A recusa russa em retirar-se da Geórgia e a reunião em Moscou aumentam o risco de fracasso de um acordo de cessar-fogo patrocinado pela União Européia (UE) para encerrar o conflito iniciado na semana passada, quando a Geórgia promoveu uma ofensiva militar contra a Ossétia do Sul. "Podem esquecer essa conversa de integridade territorial da Geórgia porque, creio eu, é impossível convencer a Ossétia do Sul e a Abkházia a aceitarem a idéia de que podem ser forçadas a fazer parte da Geórgia", disse Lavrov a jornalistas. Matéria atualizada às 11h40.http://www.estadao.com.br/internacional/not_int223771,0.htm-----------------------------------------------------------quinta-feira, 14 de agosto de 2008, 09:34 | OnlineLugo toma posse no Paraguai sob expectativa de mudançaDANIELA DESANTIS - REUTERS ASSUNÇÃO O ex-bispo Fernando Lugo toma posse nesta sexta-feira, 15, como presidente do Paraguai, num fato histórico que gera a expectativa de reformas no país, o qual atravessa uma fase de crescimento, mas ainda sofre com a miséria e as desigualdades. Lugo, de 57 anos, que até 2005 dirigia uma diocese carente, é o primeiro ex-bispo a se tornar presidente de um país. A posse, à qual devem comparecer quase cem delegações estrangeiras, marca o fim de mais de 60 anos de hegemonia política do Partido Colorado. Dirigentes da região - como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia) e Rafael Correa (Equador) - devem assistir à posse de Lugo, cuja formação política deriva da Teologia da Libertação. Da América do Sul, os principais ausentes serão Álvaro Uribe (Colômbia) e Alan García (Peru). Lugo chega ao Palácio de los López legitimado por 40% dos votos na eleição presidencial. Sua coalizão de centro-esquerda reúne a maior parte da oposição ao Partido Colorado. A longa transição paraguaia para o pluripartidarismo pleno começou em 1989, com a queda da ditadura de Alfredo Stroessner, que era ligado aos colorados. Nesse período, o país viveu uma série de ameaças de golpe, conflitos sociais, assassinatos políticos e escândalos de corrupção. Apelidado de "bispo dos pobres", Lugo, que só usa roupas simples e sandálias, terá como principais desafios o combate à corrupção e à pobreza, que afeta 40 por cento dos paraguaios. No campo externo, ele promete renegociar os termos da venda de energia da usina de Itaipu para o Brasil. "As pessoas têm muita fé, muita esperança. É bispo, todos estão certos da sua honestidade, e espera-se uma mudança no social. É um homem muito diferente do que estamos acostumados na política", disse Alba Pasmor, vendedora de eletrodomésticos e filiada ao Partido Colorado. (Reportagem adicional de César Illiano) http://www.estadao.com.br/internacional/not_int223816,0.htm