Previsão de inflação cai pela quarta semana, segundo pesquisa do BC. E: Rentabilidade de bancos no país supera a dos EUA

25 Ago 2008
FONTE SITE UOL/FOLHA ON LINE25/08/2008 - 09h04 Previsão de inflação cai pela quarta semana, segundo pesquisa do BC EDUARDO CUCOLOda Folha Online, em Brasília Os economistas ouvidos pela pesquisa semanal do Banco Central reduziram, pela quarta semana seguida, a previsão para a inflação em 2008. Também aumentaram as apostas de que a alta dos juros vai frear o crescimento da economia brasileira em 2009. A expectativa para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) neste ano, que serve como meta de inflação, caiu de 6,44% para 6,34%. Há quatro semanas, estava em 6,58%. Se confirmado, o indicador ficaria abaixo do teto da meta de inflação para esse ano, que é de 6,50% (meta de 4,5% com dois pontos percentuais de tolerância para cima e para baixo). A estimativa para a inflação para os próximos 12 meses também recuou, de 5,31% para 5,25%. Foi mantida ainda a previsão para o IPCA em 2009 (5%). Juros Essas previsões vêm caindo desde que o BC decidiu intensificar o ritmo de aumento da taxa básica de juros, a Selic. Desde o início do ano, a Selic já subiu de 11,25% para 13% ao ano. No final de julho, o BC promoveu o maior aumento de juros desde o início do governo Lula, numa tentativa de trazer a inflação de volta para o centro da meta no próximo ano. Em relação aos juros, os economistas esperam que a taxa básica (Selic) termine 2008 em 14,75% ao ano, mesma previsão da semana passada. Para a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) de setembro, a aposta é de uma alta de juros para 13,75% ao ano. Crescimento A expectativa do mercado financeiro é que os juros mais altos também tenham reflexo no crescimento da economia no próximo ano. Os economistas que participam da pesquisa do BC reduziram as expectativas de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) no próximo ano de 3,70% para 3,65%. Para 2008, foi mantida a previsão de 4,8%. Inflação Em relação aos outros índices de inflação, também houve queda nas previsões para 2008. A expectativa do mercado para o IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) caiu de 10,86% para 10,38%; e o IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado) teve a previsão reduzida de 10,96% para 10,73%. A expectativa para o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômica) caiu de 6,48% para 6,44%. Para 2009, a previsão para o IGP-M ficou estável em 5,50%. A do IGP-DI caiu de 5,32% para 5,30%. Para o IPC-Fipe, passou de 4,64% para 4,67%. Outros indicadores A estimativa para o dólar subiu de R$ 1,61 para R$ 1,62 no final deste ano. Para dezembro de 2009, a previsão ficou em R$ 1,72. A estimativa para o saldo da balança comercial em 2008 ficou estável em US$ 23,3 bilhões. Para 2009, caiu de US$ 15 bilhões para US$ 14,75 bilhões. A expectativa para o déficit em conta corrente neste ano subiu de US$ 25 bilhões para US$ 25,5 bilhões e aumentou de US$ 33,42 bilhões para US$ 34,80 bilhões em 2009. Caíram as expectativas de investimentos estrangeiros diretos de US$ 34,65 bilhões para US$ 34,50 bilhões (2008). Para 2009, foi mantida a previsão de US$ 30 bilhões. A previsão para a relação dívida/PIB neste ano ficou estável em 40,50%. Para 2009, subiu de 39,25% para 39,47%.http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u437469.shtml------------------------------------------------------FONTE SITE UOL/FOLHA ON LINE25/08/2008 - 09h52 Rentabilidade de bancos no país supera a dos EUA GUILHERME BARROSColunista da Folha de S.Paulo A crise financeira nos Estados Unidos fez com que a rentabilidade dos bancos brasileiros fosse mais que duas vezes a registrada pelos bancos norte-americanos no primeiro semestre deste ano. Os bancos brasileiros registraram rentabilidade de 21,7% em seus balanços de 30 de junho, e os americanos, de 8,9%. Se forem levados em conta os quatro maiores bancos tanto do Brasil quanto dos Estados Unidos, a diferença aumenta. A rentabilidade dos principais bancos brasileiros no primeiro semestre deste ano, de 28,5%, é praticamente quatro vezes a dos americanos, de 7,1%. Os quatro maiores bancos brasileiros são o Itaú (rentabilidade de 30%), o Unibanco (30%), o Banco do Brasil (27%) e o Bradesco (26,5%). Já os americanos são o Goldman Sachs (23,2%), o JP Morgan Chase (8,5%), o Bank of America (5,8%) e o Citigroup (-11,5%). O estudo com a comparação do desempenho dos bancos brasileiros e americanos foi feito pela consultoria Economática e levou em conta a rentabilidade média dos balanços publicados por 23 instituições no Brasil e 81 nos EUA no primeiro semestre deste ano. Uma curiosidade é que, do final de 2002 até o primeiro semestre deste ano, portanto durante os cinco anos e meio do governo Lula, a rentabilidade dos bancos brasileiros saltou de 12,4% para 21,7%. Já entre os bancos nos EUA, nesse mesmo período, a rentabilidade caiu de 15,7% para 8,9%. Segundo o economista Fernando Exel, presidente da Economática, a primeira conclusão do estudo é que a crise do "subprime" (as hipotecas imobiliárias de alto risco) dos EUA, que já dura um ano e afetou a saúde das instituições americanas, não respingou no país. A razão da blindagem dos bancos brasileiros ao efeito "subprime", na opinião de Exel, deve-se ao fato de o volume de crédito imobiliário ser ainda muito pequeno, principalmente em comparação aos EUA. O maior risco para o Brasil não é o do "subprime" mas de a crise de desaquecimento global atingir mais fortemente o país. Mesmo assim, não será um problema no setor imobiliário, e sim uma crise global. Apesar de a crise do "subprime" nos EUA ser a principal responsável pelo fato de os bancos brasileiros ganharem mais do que os americanos neste ano, não se pode dizer que isso se trata de uma novidade. De acordo com a Economática, tem sido assim nos últimos três anos. A crise do "subprime" apenas ampliou essa diferença. "Se compararmos o desempenho dos quatro maiores bancos no Brasil e nos EUA, sempre demos uma surra neles." Concentração e juros Segundo Exel, dois fatores explicam o fato de os ganhos dos bancos brasileiros superarem os dos americanos. Em primeiro lugar, a maior concorrência nos EUA. O Brasil é um dos países com maior concentração bancária do mundo. Outro fator é o juro alto, modalidade na qual o Brasil tem sido imbatível nos últimos anos. O juro elevado também abre espaço para que os bancos elevem os "spreads", a diferença entre o valor do dinheiro captado e o cobrado, o que faz com que a lucratividade seja maior. Num país com uma taxa básica de juro de 2%, como no caso dos EUA, torna-se difícil para os bancos cobrarem "spreads" muito elevados. Já no Brasil, onde a taxa básica de juro atinge 13%, é mais fácil para os bancos aumentarem os "spreads". O ex-deputado federal Delfim Netto afirma que os bancos brasileiros ganham muito porque o Banco Central proporciona condições para isso. A seu ver, a alta rentabilidade do sistema bancário brasileiro se deve a mecanismos monetários adotados no país. "O banco age com a racionalidade de qualquer cidadão ao procurar maximizar seu lucro, mas sempre dentro da lei", diz. Para Delfim, o problema tem origem nos mecanismos de financiamento da dívida interna no país, que obriga o Brasil a ter uma das mais elevadas taxas de juro do mundo. "O juro no país é um erro de política monetária que o Banco Central continua alimentando", diz Delfim. Já o economista e ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola, sócio da Tendências Consultoria, discorda. Ele diz que, no Brasil, os "spreads" são elevados não por causa do juro alto, mas em razão da elevada carga tributária e dos altos custos administrativos. Loyola também não acha que o Brasil é um dos países com maior concentração bancária do mundo. Nos países europeus, diz ele, a situação se repete: são poucos grandes bancos. Nos Estados Unidos, há um número significativo de instituições financeiras, mas, em sua maioria, são bancos regionais. http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u437491.shtml